Explicador: BCE tem nas mãos mais uma descida das taxas de juro. O que podemos esperar? Eis o que dizem os especialistas - Execu
O dia de hoje será marcado por uma das decisões mais aguardadas dos últimos tempos. O Banco Central Europeu (BCE) volta a sentar-se à mesa para mais uma reunião de política monetária, a penúltima do ano, onde se prevê mais uma descida das taxas de juro.
Recorde-se que, em junho, assistimos à primeira descida das taxas de juro desde março de 2016, tanto para a taxa das operações principais de refinanciamento como para a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez, enquanto para a taxa de depósito, foi a primeira redução desde setembro de 2023.
Na última reunião do organismo liderado por Christine Lagarde, que decorreu em setembro, o diferencial entre a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez e a taxa das operações principais de refinanciamento permaneceu inalterado em 25 pontos base. Em conformidade, a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito foi reduzida para 3,50%. As taxas de juro das operações principais de refinanciamento e da facilidade permanente de cedência de liquidez foram reduzidas para 3,65% e 3,90%, respetivamente.
E agora?
Ricardo Evangelista, Diretor Executivo da ActivTrades Europe, explica que a expectativa nos mercados financeiros é de que o BCE vá nesta quinta-feira, pela terceira vez este ano, cortar a taxa de juro de referência em 25 pontos-base.
Dados preliminares, divulgados no início do mês, mostram que a inflação na zona euro desceu para 1,8%, com a chamada inflação subjacente – que exclui os preços da energia e dos alimentos – a situar-se nos 2,7%, o valor mais baixo dos últimos dois anos e meio.
“Estes números confirmam a adequação das decisões de baixar os juros em junho e setembro, dado que, apesar da política monetária menos restritiva, a inflação continuou a cair. Face a este cenário, e considerando a postura ‘dovish’ de figuras importantes do BCE, como a presidente Christine Lagarde e o governador do Banco de França, bem como os níveis anémicos de crescimento económico na zona euro, acredito que o corte desta semana será seguido por mais uma redução de 25 pontos base em dezembro”, sublinha o especialista.
Vitor Madeira, analista da XTB, partilha da mesma visão, e acredita numa nova descida de 25 pontos-base. “Esta decisão deverá ser baseada no facto de os indicadores económicos nos dois grandes blocos europeus (Alemanha e França) continuarem a dar sinais de forte abrandamento económico, bem como na tendência dos níveis de inflação na Zona Euro, que continuam a cair abruptamente, passando de 2,2% em agosto para 1,8% em setembro, fixando-se, finalmente, abaixo das metas de 2% do BCE”, explica.
No entanto, apesar de preverem um corte de apenas 25 pontos-base nesta reunião, admite que poderemos vir a observar cortes mais agressivos nas próximas reuniões, nomeadamente se continuarmos a ver a inflação a descer ao ritmo atual.
No entanto, alerta o discurso de Christine Lagarde na última reunião foi de que o BCE apontava para uma previsão de um aumento da inflação no 4º trimestre. “Como tal, o BCE deverá manter a sua abordagem cautelosa redução das taxas de juro”, destaca.
Também Joana Vieira, partner da Ebury Portugal, corrobora a opinião de uma terceira descida consecutiva das taxas de juro por parte do regulador europeu.
”Há mais incerteza quanto ao tom das comunicações do BCE, especialmente quanto ao grau de preocupação do banco central com o notável enfraquecimento recente dos principais indicadores económicos”, sublinha.
Até ao final do ano o BCE ainda se senta novamente à mesa para a reunião de política monetária de dezembro, e a retórica de Lagarde na apresentação de hoje poderá dar pistas para o futuro das taxas de juro na Zona Euro.
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