Estatais estratégicas
No último domingo (25), esta 💥️Folha defendeu em editorial a necessidade de "Privatizar Petrobras, Caixa e Banco do Brasil", entre loas aos bons serviços privatizados, crítica aos maus resultados das estatais derivados da má gestão pública e a promessa de que ambientes competitivos atuarão em prol do interesse do consumidor. Como pano de fundo, menciona apoio popular à privatização demonstrado por pesquisa Datafolha realizada em abril do ano passado.
Editoriais de grandes jornais servem para expor à sociedade as opiniões do veículo, propondo ou fortalecendo discussões sobre as grandes questões nacionais. A 💥️Folha acerta ao reconhecer que o debate avançou, com um reconhecimento muito mais amplo por parte da sociedade, gestores públicos e investidores sobre os benefícios de uma atuação concertada entre Estado e iniciativa privada, em uma miríade de modelagens jurídicas que existem para garantir transparência e segurança, tanto ao privado como ao interesse público. Nisso avançamos.
Seria oportuno, porém, ampliar os horizontes. A 💥️Folha, que desde fevereiro exibe o slogan "Um jornal em defesa da energia limpa", sabe que o debate sobre a participação do Estado na economia foi afetado profundamente pela transição energética. A China e os Estados Unidos têm demonstrado na prática caminhos distintos para o desenvolvimento tecnológico visando uma transformação econômica ecológica, em linha com o que se vê nos esforços liderados pelo Ministério da Fazenda e recentemente estreitados num pacto firmado entre os três Poderes.
Em comum a todas as iniciativas sérias de alteração do nosso modelo econômico em prol da sustentabilidade está a superação de preconceitos neoliberais de que existe uma superioridade técnica e até moral da iniciativa privada sobre o esforço público. Ninguém no mundo faz transição energética sem apoio e coordenação do Estado, justamente por ser este o ente mais interessado em benefícios futuros —que vão muito além do fechamento de um balanço anual, com esperada distribuição de dividendos. Essa percepção de supremacia privada parece especialmente anacrônica diante da constatação de que o maior escândalo empresarial recente no Brasil, nas Americanas, contou com fraudes de todo tipo e rendeu até CPI. O brasileiro não deixou de ironizar: cadê as manchetes pedindo privatização como solução para o descaminho e a corrupção?
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