Justiça de SP proíbe presidente da Transwolff de conceder entrevista à Folha

A Justiça de São Paulo proibiu o presidente da empresa de ônibus Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, de conceder entrevista a veículos de comunicação e apresentar a versão dele sobre as acusações feitas pelo Ministério Público, do suposto envolvimento dele com o crime organizado.

O empresário aguardava a manifestação da Justiça para falar com a Folha.

Para o juiz Guilherme Eduardo Martins Kellner, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, ao apresentar a versão sobre o assunto, Pacheco poderia prejudicar o curso do processo.

"A almejada autorização para dar entrevista, em rede nacional, a veículo de comunicação, caso acolhida, resultaria em irreparável deterioração do segredo de Justiça que paira sobre os autos, tornando-o inócuo" diz trecho da decisão, publicada na última sexta-feira (23).

Para a advogada Marina Dias, diretora-executiva do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), a restrição do juiz, com relação à concessão da entrevista do réu, parece uma tentativa de censura. "Eu entendo que é uma violação ao direito de defesa e também à liberdade de imprensa", disse.

A diretora disse, ainda, que o que está sob sigilo é o processo, não o assunto.

"Principalmente porque, até esse momento, a acusação teve toda a condição de trazer a sua versão dos fatos e a defesa ainda não. É importante também ressaltar que, embora o processo esteja sob sigilo, o assunto, os fatos podem ser tratados. O que está sob sigilo certamente são as peças, os documentos, certamente devem ter o sigilo bancário, outras questões que de fato não podem ser publicizadas, mas se o assunto já está na mídia, ouvir a versão do acusado é fundamental."

O empresário foi uma das pessoas presas na operação Fim de Linha, realizada em abril deste ano pelo Gaeco (grupo especializado no combate ao crime organizado), no suposto combate à infiltração do crime organizado ao transporte público da capital que, segundo a Promotoria, ocorre desde os anos 1990.

Pacheco foi solto dias depois por determinação do Tribunal de Justiça, revogando a ordem do próprio magistrado Kellner. O empresário, que nega envolvimento com o crime organizado, chegou a ser enviado para Penitenciária de Presidente Venceslau, reduto dos chefões do PCC no estado.

A defesa de Pandora pediu autorização à Justiça porque, quando ele foi colocado em liberdade no início de junho, o TJ colocou algumas condições a serem seguidas pelo investigado, como não se ausentar da comarca sem anuência do juiz, não frequentar a empresa e não falar com as outras partes do processo.

Para evitar uma eventual acusação de descumprimento das regras, os advogados dele apresentaram formalmente um pedido ao juiz, que agora foi negado.

O advogado Roberto Vasco, um dos defensores de Pacheco, disse que deve recorrer da decisão até porque o Ministério Público concedeu uma série de entrevistas desde o início de abril para apresentar a versão dele. "Não está sendo respeitada a paridade das armas. A máquina do estado está nos atropelando."

Ainda conforme o defensor, não há motivos para impedir a entrevista porque a versão dele a ser contada à Justiça e a imprensa é a mesma.

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