A nossa sobrevivência depende da amazônia

No mês passado, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançou um relatório ressaltando a necessidade de enfrentar a tripla crise planetária: mudança climática, perda da biodiversidade e poluição/resíduos. Esta tripla crise interage com crises humanitárias, tais como conflitos, migração involuntária e deterioração da saúde, resultando em um estado de policrise.

Passar de policrise para um estado de equilíbrio múltiplo exigirá que governos entendam as interações entre as diferentes crises e promovam ações que as minimizem. Ações que sejam intersetoriais, cooperativas e que integrem as vozes dos tradicionalmente marginalizados incluindo mulheres, jovens, comunidades locais e povos indígenas. O relatório do PNUMA propõe que essas ações são a base para um desenvolvimento sustentável.

Focando na amazônia, o que é desenvolvimento sustentável? Os modelos historicamente empreendidos na região são baseados unicamente na exploração de recursos, ignorando o bem-estar e as necessidades locais. A história mostra as distorções e injustiças ocorridas desde os diversos ciclos da borracha, até os planos de "desenvolvimento" promovidos durante a ditadura e entre 2023-22. Dados da coleção nove do Mapbiomas, lançados semana passada, mostram que 33% das áreas antropizadas (agropecuária, áreas urbanizadas, mineração e aquicultura), desde a chegada da colonização europeia, surgiram nos últimos 39 anos (1985-2023).

Importante ressaltar que o crescimento populacional não pode ser usado como argumento único para as mudanças antrópicas. O crescimento médio anual da população entre 1872 e 1980 foi de 2,3%, enquanto entre 1980 e 2022 foi de 1,2%. Isto porque a transição demográfica precede os anos 80 e o Brasil vem observando envelhecimento populacional, ressaltado pelas estimativas divulgadas pelo IBGE na semana passada.

A velocidade das mudanças antrópicas afeta o clima, e o sul da Amazônia já observa uma estação seca mais longa do que a média histórica. No ano passado a seca na Amazônia isolou comunidades e causou a morte de peixes e botos. Segundo o Mapbiomas, a retração da superfície de água na Amazônia em 2023 foi de 22%.

De 7 a 17 de agosto visitei várias áreas ao longo dos rios Negro, Solimões e Amazonas, e vi longas marcas de umidade nos troncos das arvores da floresta alagada que mostram a queda acelerada do nível da água.

O último Boletim Hidrológico da Bacia do Amazonas mostra que essa queda é mais acelerada do que o observado no ano passado. No dia 23 de agosto, o rio Negro em Manaus apresentou uma redução de 21 cm em 24 horas. Para entender o que essa redução significa, o Rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas e é o sétimo maior rio do mundo em volume de água (o primeiro é o Amazonas).

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