Lula recebe líderes para tratar de emendas e diz não ter candidatos à sucessão na Câmara

O presidente Lula (PT) afirmou a líderes partidários da Câmara nesta segunda-feira (16) que o governo federal não tem um candidato à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara e que, portanto, não irá se envolver na disputa.

O petista se reuniu com líderes dos partidos da base na Câmara dos Deputados para conversar sobre emendas parlamentares e pautas econômicas.

De acordo com três participantes, Lula disse que mantém boa relação com Lira e que o alagoano tem direito de fazer o seu sucessor. Afirmou que o governo cometeu erros no passado ao se envolver com o tema, que isso não iria se repetir e que dialogará com qualquer deputado que for eleito para presidir a Câmara.

"O presidente disse que todos os três candidatos têm apreço por parte do governo e que não iria opinar sobre um ou outro candidato", afirmou o líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), após a reunião.

Líder da Rede, o deputado Túlio Gadêlha (PE) afirmou ao final do encontro que Lula disse ter "muita segurança" sobre a decisão que a Câmara tomará no processo da sucessão de Lira e "muito respeito pelas candidaturas" que se colocaram.

"E ele espera, com isso, que a gente construa uma disputa harmoniosa, que a gente consiga discutir os consensos e que a gente consiga não desarrumar essa base que ele construiu e tem dado resultados", disse.

Lira não pode se reeleger e tenta transferir capital político a um candidato a sua escolha. De acordo com aliados do presidente da Câmara, ele pretende anunciar o nome que terá seu apoio ainda neste mês. Há expectativa de que Lira e Lula se reúnam ainda nesta semana para tratar do tema.

Hoje, são pré-candidatos os líderes do PSD, Antonio Brito (BA), da União Brasil, Elmar Nascimento (BA), e do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), além do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP) —os três primeiros estiveram na reunião desta segunda.

Hugo Motta (PB), do Republicanos, e Doutor Luizinho (RJ), do PP, também são lembrados na disputa e estiveram na reunião.

De acordo com dois deputados que estavam no encontro, Elmar agradeceu a fala de Lula sobre o governo não se envolver na eleição da Mesa Diretora, citando eventual veto do petista a algum candidato.

Segundo relatos de parlamentares que acompanharam a reunião, Lula também afirmou que o governo não terá candidato na disputa pela sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao Senado.

Na abertura do encontro, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse esperar contar com a "maturidade" dos líderes do Congresso Nacional para construir uma solução para a questão das emendas parlamentares.

O responsável pela articulação política afirmou que o governo quer chegar a uma "boa saída" nos próximos dias para não atrapalhar a tramitação da LOA (Lei Orçamentária Anual) —que precisa ser encaminhada ao Congresso até 31 de agosto.

"Acreditamos muito que [com] a maturidade desses líderes da Câmara, do Senado, os dois presidentes [das Casas], com a orientação que o senhor deu para nós, ministros do Executivo, vamos construir uma boa saída para esse tema que está em debate junto ao Supremo Tribunal Federal", afirmou Padilha, citando o objetivo de uma "solução negociada", valorizando o papel dos parlamentares.

Ao final da reunião o ministro disse que o governo está elaborando uma portaria interministerial, da Secretaria de Relações Institucionais, Casa Civil, Planejamento e CGU (Controladoria-Geral da União), para identificar obras e serviços que estão em andamento com recursos das emendas e evitar que eles sejam paralisados.

"Para caracterizar já de imediato obras já em execução, serviços em execução, para que se possa liberar o mais rápido possível aquelas emendas impositivas, individuais e de bancada, e que a decisão do STF já autoriza a continuidade do pagamento e empenho daquelas emendas", afirmou o ministro. "Nosso foco é não paralisar obras e serviços e não deixar que compromissos que já existem com estados e municípios sejam descumpridos."

Segundo Padilha, Lula reforçou na reunião que a orientação dele é que Congresso, Executivo e Judiciário construam uma solução acordada que "reconheça o papel dos parlamentares" e "outros preceitos constitucionais". "Seja da transparência, da eficiência, da adequação à situação fiscal do país. São balizas fundamentais."

O objetivo do encontro no Palácio do Planalto, segundo seis pessoas ouvidas pela Folha, era alinhar expectativas e permitir que os partidos apresentassem suas visões sobre fatos recentes da política.

O principal foco estava no acordo fechado entre os Três Poderes para criar novas regras às emendas parlamentares. Apesar de Lira ter participado do encontro no STF, integrantes do centrão avaliam que as medidas representam retrocesso.

Os líderes chegaram ao Palácio do Planalto no fim da tarde, enquanto Lula ainda recebia em evento atletas que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris.

Além de José Guimarães, Antonio Brito, Elmar Nascimento, Hugo Motta, Doutor Luizinho e Isnaldo Bulhões Jr., também participaram da reunião os seguintes líderes partidários: Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), Odair Cunha (PT-MG), Romero Rodrigues (Podemos-PB), Márcio Jerry (PC do B-MA), Luis Tibé (Avante-MG), Gervásio Maia (PSB-PB), Túlio Gadelha (Rede-PE) e Luciano Amaral (PV-AL).

Também estiveram presentes o líder da maioria na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE), e o líder da bancada negra, Damião Feliciano (União Brasil-PB), além dos deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da maioria no Congresso, Laura Cardoso (PSD-RJ) e Célia Xakriabá (PSOL-MG).

A equipe da articulação política do Planalto pretendia pedir apoio da base em votações de propostas econômicas nas próximas semanas, como um projeto que regulamenta a reforma tributária.

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