Cortiços de São Paulo podem desaparecer com onda de retrofits

Não é difícil passar desapercebido por um dos muitos avisos de "Aluga-se quarto" na maior cidade brasileira. Basta um olhar atento para os prédios da zona central de São Paulo, contudo, para ver as placas que se espalham na entrada dos chamados cortiços, um tipo comum de moradia que ajuda a contar a história de como a cidade se transformou de um centro da cultura cafeeira para uma megalópole industrial e comercial.

Com as primeiras aparições datadas do final do século 19, os cortiços surgiram para abrigar trabalhadores à medida que São Paulo fazia a transição de uma grande cidade para uma metrópole —e, finalmente, para uma megalópole de mais de 20 milhões de pessoas.

Geralmente convertidas de construções já existentes, essas habitações se proliferaram nos anos 1970 e 1980 enquanto as famílias de classe média saíam do centro de São Paulo, deixando grandes casas que foram transformadas em moradias para múltiplas famílias.

Condenados pelas autoridades em diversas ocasiões ao longo dos anos, os cortiços têm a reputação de serem lugares degradados e, muitas vezes, perigosos, onde as pessoas vivem porque precisam, não porque desejam.

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É esse tipo de moradia, contudo, que tornou a vida urbana possível para muitos, permitindo que pessoas de baixa renda vivessem perto dos locais de trabalho e proporcionando um ponto de apoio para os recém-chegados à capital paulista. À medida que a população de maior renda volta para o centro de São Paulo, entretanto, o futuro dessas pouco quistas, mas críticas habitações se torna incerto.

UMA MEGACIDADE É CONSTRUÍDA

Habitação eclética em tamanho e aparência, os cortiços são definidos pela legislação brasileira como unidades habitacionais multifamiliares coletivas com acesso compartilhado a espaços comuns, como banheiros, por exemplo. Normalmente superlotados, eles são encontrados em várias cidades do Brasil.

O clássico livro "O Cortiço", de Aluísio de Azevedo, leitura obrigatória nas escolas brasileiras, por exemplo, se passa no Rio de Janeiro. Mas é em São Paulo que eles estão mais concentrados. Em 2022, mais de 80 mil pessoas viviam em 31,8 mil cortiços, segundo Censo.

Cortiços não têm um padrão justamente porque costumam ocupar propriedades abandonadas ou vazias. No centro de São Paulo, ocupam prioritariamente antigos casarões. Vistos de fora, têm a fachada de uma casa tradicional, muitas vezes estreitas, com um portão que dá acesso a um longo corredor ou pátio que conecta os quartos.

Eles surgiram, inicialmente, como uma solução rápida para o fluxo de trabalhadores depois dos anos de 1870. Antes disso, a riqueza de São Paulo vinha principalmente do✅ boom✅ do café. Contudo, ao final do século 19, fábricas têxteis, serrarias e fundições também apareceram e atraíram não apenas pessoas da região, mas também da Europa, que chegaram em maior número após o declínio da escravatura e a abolição final do regime em 1888, aumentando a procura pela mão-de-obra de trabalhadores urbanos livres.

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