Mortes: Luiz das Artes dedicou a vida a criar museus

Jornalista de formação, Luiz Ernesto Machado Kawall dedicou a via a criar museus e a divulgar a cultura no país. Tanto que ganhou o apelido de Luiz das Artes.

Nascido em 11 de junho de 1927 na cidade de São Paulo, Luiz Ernesto pensava em cursar medicina, mas quando abriram as inscrições para a primeira turma de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, logo se inscreveu.

Formado em 1951, ele iniciou sua carreira na Tribuna da Imprensa, no Rio de Janeiro, a convite de seu paraninfo, Carlos Lacerda, também diretor do jornal. Passou depois por diversos veículos jornalísticos do país e foi colunista desta 💥️Folha nos anos 1970.

Foi responsável pela edição de uma página voltada às artes visuais na Ilustrada. Muitos de seus textos publicados aos domingos na Folha foram reunidos no livro "Artes Reportagens" (1972), que teve duas edições.

Viajou por todo o país, o que lhe permitiu conhecer a cultura e as artes regionais. Em casa, guardava discos de vinil, literatura de Cordel e quadros de Candido Portinari e de Tarsila do Amaral —de quem era amigo—, além de outras raridades como uma televisão de 1950 trazida ao país pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand.

No início dos anos 1970, foi designado pelo então governador de São Paulo, Abreu Sodré, para organizar a fundação do MIS (Museu da Imagem e do Som) paulistano, inspirado no MIS do Rio de Janeiro, criado dez anos antes por Carlos Lacerda. Foi também diretor técnico do museu.

Depois fundou o Museu Caiçara, em Ubatuba, no litoral norte do estado. E ao longo dos anos se envolveu com a vida cultural do município, promovendo festivais de viola caipira com artistas locais e do Vale do Paraíba.

Mas seu grande projeto foi a criação do Museu da Voz, conhecido também como Vozoteca, um acervo de 12 mil gravações que foi doado em 2013 ao Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

Estão ali falas de Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Winston Churchill, Luiz Gonzaga, Carmen Miranda e a primeira gravação de que se tem registro, feita por Thomas Edison em 1877 —na qual o americano lia a canção infantil "Maria Tinha um Carneirinho".

Luiz Ernesto morreu no dia 13 de agosto, aos 97 anos. Ele deixa a esposa, Zilda, as três filhas —Márcia, Beatriz e Helena—, seis netos e sete bisnetos.

"O maior aprendizado que levarei, e posso dizer que toda a família levará, para sempre de meu avô, é a generosidade. Não uma generosidade qualquer, mas algo profundo, sobre o fluxo de energia que se cria ao compartilhar. Vivemos com ela em nós e sabemos que é um legado lindo", disse a neta Maria Kawall Prado, antes de contar um temor relatado pelo avô.

"Na beira do leito, ele nos confessou que tinha medo de ser esquecido. Nós dissemos que seria impossível, pois ele sempre viverá em nossas tão doces e amorosas memórias."

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