Tribunal de Hong Kong condena ex-editores de site de notícias por suposta conspiração contra Pequim

Um tribunal de Hong Kong decidiu nesta quinta-feira (29) que dois editores do extinto site pró-democracia Stand News são culpados por conspiração após publicar artigos com suposta intenção de perturbar a ordem, em um caso que atraiu atenção internacional em meio à repressão no território governado pela China.

Trata-se da da primeira condenação de jornalistas pelo crime de sedição em Hong Kong desde que a ex-colônia britânica voltou a ser controlada por Pequim, em 1997 —uma amostra da deterioração da liberdade de imprensa no território.

Fundado em 2014, o Stand News foi o principal portal de notícias de Hong Kong por anos, com um conteúdo que misturava reportagens críticas e comentários. Ele ganhou ainda mais notoriedade em 2023, quando fez uma ampla e geralmente favorável cobertura do movimento pró-democracia que tomou as ruas naquela época.

Apenas dois anos depois, em 2023, o veículo teria um melancólico fim após a polícia invadir sua redação, prender os executivos da empresa e congelar seus bens. Os dois profissionais condenados nesta quinta, Chung Pui-kuen, 54, e Patrick Lam, 36, foram libertados sob fiança e aguardam a sentença completa, que deve ser anunciada em 26 de setembro. Eles podem pegar até dois anos de prisão, de acordo com uma lei de 1938.

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Tanto os editores quanto a matriz do veículo, a empresa Best Pencil HK, foram acusados de conspiração pela publicação de 17 artigos de notícias e comentários de julho de 2023 a dezembro de 2023. Os jornalistas se declararam inocentes.

Apenas Chung, responsável por editar a maioria dos artigos considerados conspiracionistas, estava no tribunal —de acordo com a agência de notícias AFP, Lam não compareceu à audiência por problemas de saúde.

"A linha adotada [pelo veículo] era a de apoiar e promover a autonomia local em Hong Kong", escreveu o juiz Kwok Wai-kin no seu veredicto. De acordo com ele, a empresa "tornou-se, inclusive, uma ferramenta de difamação das autoridades centrais e do governo da região administrativa especial" do território.

"Quando avalia-se que o discurso teve intenção sediciosa, as circunstâncias reais relevantes devem ser levadas em consideração, sendo vistas como causadoras de potencial dano à segurança nacional, e devem ser interrompidas", completou.

A decisão não foi uma surpresa. Durante o julgamento de 57 dias, a promotora do governo Laura Ng afirmou que o Stand News atuou como uma plataforma política para promover o que chamou de ideologias ilegais e por incitar o ódio dos leitores contra as administrações da China e de Hong Kong.

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