Desigualdade racial agrava números de mortalidade materna no Brasil

A taxa de mortalidade materna continua preocupante para a saúde pública do Brasil. Estudos também revelam que desigualdades raciais aprofundam o problema. Esse foi um dos assuntos debatidos na mesa Mortalidade com cor, do seminário Mortalidade Materna no Brasil, transmitido ao vivo, nesta terça-feira (20), pelo canal do jornal no YouTube.

O evento promovido pela 💥️Folha, em parceria com o Pulitzer Center, teve condução de Cláudia Collucci, repórter especial.

A mortalidade materna pode ser causada por problemas como hipertensão, hemorragias, infecções, falta de acompanhamento pré-natal e resistência à vacinação, entre outras complicações durante a gravidez, o parto ou no pós-parto.

Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apontou que mulheres pretas enfrentam quase o dobro do risco de mortes em comparação com mulheres brancas e pardas. Segundo dados do Ministério da Saúde, a população negra tem os piores índices gerais de saúde, que incluem as maiores taxas de mortalidade materna e infantil.

"No Brasil, nós percebemos que as principais causas são evitáveis", afirma Débora Santos, professora e coautora do estudo. "Essas elevadas taxas não são ligadas às questões de idade ou do óbito em si, mas sim às questões sociais, em especial a racial."

De acordo com o estudo, publicado na Revista de Saúde Pública em junho, a taxa de mortalidade materna de mulheres negras entre 2017 e 2022 foi de 125,8 por 100 mil nascidos vivos, contra 64 por 100 mil para mulheres brancas e pardas. Em todas as regiões do país e faixas etárias, a cor de pele preta é um fator chave da mortalidade.

"Quando citamos a questão racial, tem a violência obstétrica, do racismo institucional. Se o racismo é estrutural e permeia as relações cotidianas, as instituições reproduzem um sistema que já ocorre o tempo todo no dia a dia dessas mulheres", afirma Débora.

O assessor-chefe para equidade racial em saúde do Ministério da Saúde, Luís Eduardo Batista, explica que a formação educacional dos profissionais da área é importante para o combate das desigualdades raciais. "Nós temos poucos cursos dentro das universidades que incluem a temática étnico-racial", disse.

"Se o processo de formação dos nossos profissionais não mudar, eles continuarão reproduzindo as mesmas coisas. Com isso, não vamos conseguir chegar à redução da mortalidade materna até 2030", afirma Batista.

Outro problema é a falta de informação e dados sobre a cor da mãe. O assessor do Ministério da Saúde afirmou que estão sendo implementadas ações nesse sentido. "No ano passado, [o Ministério] retirou o campo ‘ignorado’ dos sistemas de informação do SUS para que os profissionais de saúde tenham que preencher corretamente as informações. Essas ações parecem simples, mas dão uma mudança imensa."

Com a pandemia de Covid-19, as taxas de mortalidade materna no Brasil subiram em 2023 e 2023. Gestantes e puérperas voltaram a morrer por causas evitáveis como infecções e hipertensão.

O que você está lendo é [Desigualdade racial agrava números de mortalidade materna no Brasil].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...