Casa com 560 vinhos naturais é novo foco da epidemia de winebars

Às segundas-feiras, às 8h30, eu ligo meu computador e digo "bonjour". A cerimônia que abre minha semana se repete há mais de quatro anos, desde que soube que Analu Torres, professora de francês e especialista em vinhos daquele país, abriria uma nova turma. Era a alta pandemia e posso dizer que esse ritual me salvava um pouco a cada semana. E já pensou que legal dizer por aí que você faz uma aula de francês com foco em vinhos?

O que eu não esperava é que, além de melhorar gramática e ouvido, eu melhoraria tanto paladar e olfato. Isso porque a cada semestre Analu, que é uma das maiores degustadoras que conheço, promove duas provas de vinhos temáticas com rótulos das regiões e estilos que estudamos. Com ela, já provei cremosos crémants e maravilhas de Chablis, Mâconnais e Côtes-de-Beaune. Em cada uma dessas degustações, fiquei impressionada com sua capacidade de captar e transmitir o que havia na taça: cada nota que ela revelava, parecia que nos acendia; e nós, alunos, éramos capazes de encontrar mais e mais aromas, sabores, texturas. Haja vocabulário!

Na última lição, descobri que as degustações, que até agora eram feitas pelo zoom e com garrafinhas numeradas (para que provemos sempre às cegas), devem passar a ser presenciais. Analu, que fez história na comunidade do vinho natural de São Paulo por comandar o Jardim dos Vinhos Vivos, agora tem um novo espaço. Ficou sócia de Rafael Venzol, que já tem a pizzaria Tutto Pizza e o bar O Quintal, em São Bernardo do Campo, e junto a um terceiro amante do vinho, Elton Oshiro, abrem nesta terça-feira (20) o bar de vinhos naturais

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Sim, mais um. São Paulo vive uma epidemia de winebars, com uma longa lista de aberturas desde o ano passado. Algumas são inéditas e conceituais, como o Clementina, mas também há novas unidades de redes, como a Vino! e Evino. Estamos até expandindo para outras fronteiras: marcas paulistanas como a Casa Tão Longe Tão Perto, que Gabriela Monteleone abriu no último ano na Barra Funda, estão agora em outras cidades e até países (no Rio de Janeiro e em Porto, Portugal).

Na carta do Plou, são 560 rótulos de 15 importadoras, com taças a partir de R$ 35. (Mas você pode também só passar e pegar a garrafa, já que o lugar também funciona como loja, a partir das 10h, de ter. a qui., às 11h, sex. e sáb., e 12h, no dom.) Só de borbulhas há 60 opções, sendo mais da metade de Champagne de pequenos produtores, sendo muitas safradas. Lá, é possível encontrar 40 diferentes vinhos do Jura, uma espécie de raridade.

Falando na região, ela explica o nome do bar: Plou vem de poulsard (na verdade, da versão antiga ploussard), como é chamada por lá a uva tinta que faz vinhos perfumados e pálidos. O Jura, minúsculo, tem a terra disputada por vacas, cujo leite produz o delicioso queijo Comté, e vinhas, que fazem os vinhos mais celebrados pela turma mais antenada dos naturais. O Plou, então, deve servir bem a esse público.

Mas nem só de França vive o Plou, que serve denominações de origem da Áustria, onde a acidez costuma ser um pleonasmo, e da África do Sul, que tem mostrado ao mundo muita ousadia.

Apesar dessa carta extensa, talvez seja injusto chamar o Plou de bar de vinhos. Explico: quando perguntei à Analu qual era o grande lance da nova casa, ela disse que seria um lugar para compartilhar. Entendi que a ideia é compartilhar o conhecimento dela. Então o Plou também é uma escola e terá uma programação de degustações temáticas com explicações sobre diferentes estilos e regiões. Mas você também pode ir lá, pedir um flight de vinhos (uma seleção de três ou mais taças que seguem uma mesma linha), provar às cegas, tentar desvendá-las e bater um papo com essa professora. Seu paladar e olfato, garanto, não sairão os mesmos.

Vai uma taça?

Hoje, em São Paulo, vão muitas, muitas taças. Em vez de indicar garrafas, indico lugares para provar rótulos em pequenas doses, em bares como o recém-inaugurado Saída de Emergência, em Pinheiros, que tem à frente o entusiasta Guilherme Mora com mais de 200 vinhos. No mesmo bairro, visite (e revisite) o já tradicional Sede 261, comandado por duas das melhores sommelières de São Paulo, e o moderninho Clementina, que enche bastante. Na região central, prove as taças garimpadas do Beverino e, na zona sul, na Enoteca Saint Vin Saint, pioneira dos vinhos naturais. Taças econômicas estão no Los Perros, em Cerqueira Cesar, e no Prosa e Vinho, no centro.

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