Projetando retornos realistas para seu portfólio; Como evitar erros no planejamento financeiro

Apesar de o CDI já não render 1% ao mês há alguns meses, muitos investidores ainda utilizam essa antiga referência para projetar retornos ao longo do tempo. Entretanto, essa estimativa pode conter várias falhas que, se ignoradas, podem comprometer seriamente o seu planejamento financeiro e frustrar as expectativas de acumulação de patrimônio.

A primeira armadilha ao projetar retornos com base na rentabilidade do CDI é desconsiderar o impacto do Imposto de Renda (IR). O CDI reflete uma rentabilidade bruta, ou seja, antes da dedução do IR. Projetar retornos a longo prazo sem descontar esse imposto é superestimar a capacidade de acumulação do portfólio, o que pode levar a uma surpresa desagradável quando o montante final for menor do que o esperado. Portanto, a forma correta de projetar retornos é considerar o rendimento líquido de IR, que oferece uma visão mais realista do ganho efetivo.

Outro ponto crucial é que a rentabilidade do CDI é nominal, incorporando a inflação. Nos últimos 10 e 20 anos, o CDI rendeu apenas 1,9% e 3,1% ao ano acima do IPCA, respectivamente, após a dedução do IR. Em termos mensais, isso equivale a um ganho real de apenas 0,16% e 0,25%. Quando um investidor projeta um ganho de 1% ao mês com base no CDI, ele ignora o efeito corrosivo da inflação sobre o poder de compra. O resultado é que o valor acumulado pode não ter o poder aquisitivo que se espera, comprometendo os objetivos financeiros de longo prazo.

Além disso, projetar um ganho de 1% ao mês líquido de IR e real implica um nível de risco considerável. Esse tipo de projeção pode induzir o investidor a buscar retornos elevados em ativos que, embora prometam maiores ganhos, também carregam um alto grau de incerteza e volatilidade. Essa busca por ganhos extraordinários pode resultar em uma alocação de risco desbalanceada, onde o investidor se expõe a riscos que não correspondem ao seu perfil e à sua capacidade de suportar perdas.

Então, o que seria uma projeção de retorno razoável para o longo prazo?

Uma abordagem prudente começa por considerar uma taxa real, ou seja, descontada da inflação e do IR. Um bom ponto de referência são os títulos públicos federais indexados ao IPCA. Embora esses títulos não sejam isentos de IR, é possível estimar seu retorno líquido real, assumindo um IPCA de 4,5% ao ano. Nesse cenário, o retorno líquido real desses títulos pode ser estimado em aproximadamente 4,5% ao ano acima do IPCA, ou cerca de 0,36% ao mês. É importante lembrar que, quanto maior o IPCA, menor será o ganho real líquido de IR.

Com essa base sólida, é possível considerar prêmios adicionais ao investir em títulos corporativos ou em ações, que oferecem retornos mais altos em troca de maior risco. No entanto, é sensato projetar taxas reais líquidas de IR para o longo prazo entre 4,5% e 8% ao ano. Assumir taxas reais acima de 8% ao ano, ou cerca de 0,65% ao mês, é arriscado, pois pode exigir uma exposição excessiva a ativos de alto risco, algo que nem sempre é compatível com o perfil do investidor médio. Embora retornos superiores possam ser alcançados em alguns anos, não é prudente assumir que eles se perpetuarão ao longo do tempo.

Assim, o momento atual oferece boas oportunidades para investidores que buscam retornos reais sólidos e isentos de IR. Há ativos, como títulos corporativos de alta qualidade ou fundos de infraestrutura, que oferecem taxas reais líquidas de IR entre 6% e 7% ao ano. Projetar retornos de forma realista, com base em taxas líquidas e reais, é fundamental para um planejamento financeiro sustentável e para alcançar os objetivos desejados, como uma aposentadoria robusta e confortável, sem expor o patrimônio a riscos desnecessários.

Michael💥️ Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da 💥️Casa do Investidor💥️.

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