DJ destaque em Barretos mostra a força do funk do centro-sul do Brasil

Nada de Alok ou DJs do TomorrowLand e grifes internacionais. O principal DJ da Festa do Peão de Barretos 2024 é Jiraya Uai. O goiano de 26 anos, que mistura óculos da Oakley com cinto do Tião Carreiro, é a cara da nova maré de funk que vem tomando o interior do país — e ecoando até em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

Mais que um gênero, o funk é um idioma —corre na velocidade do WhatsApp, finca terreno por onde anda e se transforma ao gosto da gente, como uma língua e seus falares. E o dialeto que vem ganhando força no país vem do Centro-Sul do Brasil. "Olha o Trem", um dos sucessos do Jiraya Uai, tem cerca de 25 milhões de visualizações no YouTube.

De cima a baixo, na região que se estende pela BR-163 e suas franjas —o mais importante corredor do agronegócio nacional—, Jiraya faz do seu palco dezenas de feiras agrícolas do país. Ele dá o play numa faixa, pula com um dançarino, faz uma graça para o público e volta ao controle do equipamento antes da próxima música. Tudo é filmado para as redes sociais. "Tem um cara que faz filmagens apenas para vídeos de humor", conta o DJ, que viaja com 20 pessoas na equipe.

O time numeroso estende o show para a internet e para a lona. Jiraya é como o mestre de um espetáculo que mistura música e circo, graves potentes e palhaçadas prontas para virar meme com dançarinos fantasiados e pirotecnia. É um estilo peculiar que o DJ toca ao som de eletrofunk. "É a junção do eletrônico com funk", ele diz. "Tem as vozes dos MCs e o eletrônico, mas também tem o sertanejo, com a voz dos cantores."

Unir funk e sertanejo não é novo na indústria da música. A ideia é juntar artistas dos dois gêneros musicais mais populares do país para multiplicar lucros. De Ludmilla a Ana Castela, de Gusttavo Lima a MC Daniel, muitos já se lançaram na empreitada. Jiraya Uai, contudo, representa um momento em que, em vez de cantores, DJs assumem o protagonismo da cena. Ele e sua turma tocam o baile.

"A galera que escuta o eletrofunk do Jiraya Uai não estava mais se identificando com aquele sertanejo dos caras fortões, camisa apertada, topete, calça colada", diz Santiago Maia, empresário do DJ. "E aí, depois da pandemia, aparece o Jiraya: um cara de botina, fivela, chapéu, alargador. Se um show dele tem dez mil pessoas, 500 delas estão de chapéu, e no show de sertanejo não é assim."

A hiper-localização da música e esse misto de referências tradicionais e modernas também dão a letra para o sucesso do funk cuiabano. Nos últimos meses, as faixas "Ei Moto Táxi" e "Achei que Era Pagode" entraram no topo das paradas. Ambas têm vocais de MCs cariocas —Monik do Pix e Priscila— e versões de sucesso feitas por DJs cuiabanos.

"Funk cuiabano é aquela batida que rola muito no som automotivo por aqui," conta o DJ Helinho, que assina o funk do mototáxi. "E a gente fez uma pegada para tocar nas baladas que tem em Cuiabá, porque antigamente só tocava funk do Rio aqui, então a gente fez uma adaptação para render no som automotivo e tocar nas casas de show daqui."

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