Operação Adelito da Abin monitorou homem que ameaçou dar tiro na testa de Bolsonaro

A operação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) batizada de "Adelito" monitorou um homem que ameaçou dar um tiro na testa de Jair Bolsonaro (PL), sem relação com o autor da facada contra o ex-presidente, Adélio Bispo.

Na última fase da operação que mira a chamada "Abin paralela", a Polícia Federal destacou o nome da ação (Adelito) e afirmou apurar a "motivação para a possível investigação paralela ao caso Adélio e outras circunstâncias que indiquem o desvio institucional".

A suspeita seria de uso da agência para atender a interesses eleitorais de Bolsonaro.

Integrantes da agência afirmam, entretanto, que, diferentemente do que suspeita a PF, o nome foi dado porque o alvo fazia reiteradas ameaças a Bolsonaro e também morava em Juiz de Fora, cidade onde o ex-presidente foi esfaqueado por Adélio em 2018.

Uma planilha à qual a 💥️Folha teve acesso indica que a localização do homem foi pesquisada ao menos 116 vezes de 13 a 27 de abril de 2023. A PF aponta números ligeiramente diferentes: 114 acessos nos mesmos dias e mês, mas um ano antes, em 2023.

Em abril de 2023, o homem publicou um vídeo em que dizia que o sonho dele era matar Bolsonaro. A gravação foi amplamente compartilhada nas redes sociais e motivou a abertura de um inquérito pela PF.

"Tô vendo aqui agora [na TV] a pala da liberação de armas ou não. Seria ideal mesmo, liberar. Porque eu gostaria de matar o Bolsonaro com a própria arma que ele liberou. Um tiro na testa. Na testa. Meu sonho é matar o Bolsonaro. Eu ainda vou fazer", disse.

A comparação com Adélio Bispo foi feita, na ocasião, por apoiadores de Bolsonaro e pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.

"Outro Adélio? Polícia Federal já instaurou inquérito policial para investigar a ameaça do vagabundo acima", escreveu Flávio nas redes sociais em 14 de abril de 2023.

Durante o período em que foi monitorado pela Abin, o homem fez uma série de publicações agressivas contra o ex-presidente. Em uma delas, publicou uma montagem em que Bolsonaro aparecia em um caixão. Em outra, escreveu: "Se fosse na minha mão, sangrava igual porco".

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