Glóbulos vermelhos sintéticos: “Se criarmos ‘sangue’ mais eficiente, &ea

O projeto europeu SynEry pretende desenvolver os primeiros glóbulos vermelhos sintéticos até 2027. Nuno Correia Santos, investigador do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa (IMM) que participa neste projeto europeu, confirma que o futuro composto artificial “nunca será mais barato do que ter um dador de sangue a ir gratuitamente a um banco de sangue”, mas também recorda que há uma escassez de sangue que continua a funcionar como incentivo para os vários projetos que correm, em vários pontos do mundo, com o objetivo de desenvolver sangue artificial.

Num mundo perfeito, não seria necessário construir um glóbulo vermelho sintético, mas estamos longe desse mundo perfeito”, recorda o cientista em entrevista ao podcast Futuro do Futuro.

Nuno Correia Santos, investigador do IMM em entrevista para o Futuro do Futuro
Nuno Correia Santos, investigador do IMM em entrevista para o Futuro do Futuro Matilde Fieschi

O Projeto SynEri, que tem vindo a ser desenvolvido em parceria com investigadores de Bélgica, França, Espanha e Itália, está focado na produção de glóbulos vermelhos artificiais, por permitirem levar oxigénio, que é essencial para alimentar os vários e órgãos do corpo humano. Para isso, os investigadores estão a desenvolver pequenas bolsas de lípidos, que no interior têm armações compostas por sequências de ADN que funcionam como um origami que se dobra ou se expande para mimetizar a flexibilidade de glóbulo vermelho.

💥️“O que precisamos é de uma célula artificial que consiga circular por todo o nosso organismo. Precisamos de produzir algo que consiga manter uma estrutura íntegra, mesmo quando se deforma de uma forma extrema, quando se encolhe para conseguir passar por uma passagem muito estreita de um capilar, conseguindo levar o oxigénio a todos os cantos do nosso organismo” descreve Nuno Correia Santos.

Salvador Dalí

O investigador do IMM trouxe para o Futuro do Futuro duas obras de Salvador Dalí com o propósito de ilustrar a temática do desenvolvimento de glóbulos vermelhos sintéticos e algumas das capacidades que estes eritrócitos revelam quando percorrem o circuito sanguíneo. Para um segundo desafio que costuma surgir no Futuro do Futuro, Nuno Correia Santos trouxe uma campanha que é assumidamente publicitária, mas tem o louvável propósito de incentivar as pessoas a darem sangue, para contrariarem a escassez de stocks.

O desenvolvimento de glóbulos vermelhos sintéticos também deixa em aberto a hipótese de produzir um sangue que tem características que superam ou fazem a diferença face ao natural. E, nesse caso, fica criado o cenário para o eventual abuso, alerta Nuno Correia Santos: “Se conseguirmos algo mais eficiente que o glóbulo vermelho natural, ou simplesmente algo que vai ajudar a uma melhor oxigenação, obviamente, logo a primeira coisa (que surge) é que isto pode ser usado como doping em desporto”, lembra o investigador.

Salvador Dalí

Nuno Correia Santos recorda que depois dos 2,5 anos que faltam para concluir o SynEry ainda terão de ser feitos diferentes testes laboratoriais e ensaios com humanos antes do lançamento de uma nova classe de produtos que facilmente ganhará a alcunha de sangue artificial, apesar de apenas mimetizar um dos componentes do sangue. Segundo o cientista, ainda poderá demorar 10 anos a estrear estes glóbulos vermelhos artificiais.

Os glóbulos vermelhos têm centrado as atenções devido à escassez do sangue doado, mas não são as únicas células artificiais que têm sido desenvolvidas para tratar doenças que afetam os vários órgãos do corpo humano. “Há grupos na Europa, e não só, a trabalhar para, por exemplo, substituir células do fígado, células do pâncreas”, responde Nuno Correia Santos.

Tiago Pereira Santos

Hugo Séneca conversa com mentes brilhantes de diversas áreas sobre o admirável mundo novo que a tecnologia nos reserva. Uma janela aberta para as grandes inovações destes e dos próximos tempos.

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