Por que Xi Jinping está construindo estoques secretos de commodities na China

Nas últimas duas décadas, a China devorou enormes volumes de matérias-primas. Sua população cresceu mais e ficou mais rica, exigindo mais laticínios, grãos e carne. Suas gigantescas indústrias têm sido vorazes por energia e metais.

Nos últimos anos, no entanto, a economia tem sofrido com má gestão política e uma crise imobiliária. Autoridades chinesas afirmam categoricamente que desejam se afastar de indústrias intensivas em recursos. A lógica indica que o apetite do país por commodities deveria estar diminuindo rapidamente.

Na realidade, o oposto está acontecendo. Em 2023, as importações da China de muitos recursos básicos bateram recordes, e as compras de todos os tipos de commodities aumentaram 16% em termos de volume. Elas continuam subindo, com alta de 6% nos primeiros cinco meses deste ano.

Dados os problemas econômicos do país, o cenário não reflete um aumento no consumo. Em vez disso, a China parece estar estocando materiais em um ritmo acelerado —e em um momento em que as commodities estão caras. Os formuladores de políticas em Pequim parecem estar preocupados com novas ameaças geopolíticas, especialmente a de um novo presidente norte-americano mais radical, que poderia tentar sufocar rotas de abastecimento cruciais para os chineses.

O medo é justificado, pois a China depende de recursos estrangeiros. Embora seja o centro de refino mundial para muitos metais, ela importa grande parte da matéria-prima que utiliza, variando de 70% da bauxita até 97% do cobalto. A China mantém as luzes acesas apenas com energia importada. O país tem muito carvão, mas seus depósitos de outros combustíveis não correspondem às suas necessidades, obrigando-o a importar 40% de seu gás natural e 70% de seu petróleo bruto.

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A dependência da China é mais aguda para alimentos. Em 2000, quase tudo o que os cidadãos comiam era produzido internamente; hoje, o país produz menos de dois terços do que é consumido. O país importa 85% das 125 milhões de toneladas de soja que utiliza para alimentar seus 400 milhões de porcos. Sua dependência de agricultores estrangeiros é quase total para café, óleo de palma e alguns produtos lácteos.

Ciente dessa vulnerabilidade, a China começou a construir estoques "estratégicos" de grãos e minerais relacionados à defesa no final da Guerra Fria, aos quais acrescentou, no auge de seu boom econômico, petróleo e metais industriais.

Três eventos recentes provocaram mais estocagem. Em 2018, o presidente Donald Trump impôs tarifas às exportações chinesas no valor de US$ 60 bilhões por ano, forçando a China a retaliar impondo tarifas sobre soja americana. Em seguida veio a pandemia de Covid-19, que interrompeu as cadeias de abastecimento e aumentou o custo dos materiais. A guerra da Ucrânia inflacionou os preços e mostrou a vontade dos EUA de usar embargos.

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