E se a oposição ganhar na Venezuela?

Quem vê hoje a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, surfar sobre multidões pode não imaginar que essa mulher já foi desprezada pelos demais opositores e pelos eleitores no passado. Hoje, Corina não só é a arquiteta da improvável candidatura de Edmundo González, como a primeira a criar uma alternativa real para destronar o ditador Nicolás Maduro.

Obviamente, é desejável que a ditadura tenha fim e que o país se redemocratize. Porém, seria também necessário que a oposição, que tanto brigou entre si e que tantos erros cometeu, amadureça e chegue a consensos para enfrentar os desafios que virão adiante, em caso de uma improvável vitória.

Vale lembrar algumas das tantas vezes em que a oposição cometeu erros que só ajudaram a dar mais fôlego ao regime.

Em 1992, Hugo Chávez tentou um golpe de Estado e fracassou. Foi preso, mas saiu da cadeia dizendo que optaria pela via "democrática". A população o acompanhou entusiasmada, porque sua proposta era incluir uma camada, em geral mestiça, da sociedade que não participava em política e vivia em más condições. Foi muito significativa a transformação que ele realizou no país, melhorando a vida dos mais vulneráveis, em seu primeiro mandato.

A oposição não quis ver isso, fez de tudo para tratar Chávez com soberba e preconceito, com ataques a suas políticas, sem atinar que isso era o que os venezuelanos de baixa renda queriam. Por esse comportamento, se distanciaram dos eleitores e se esvaziaram os partidos mais importantes do país: a Ação Democrática (ADECO) e o Copei (Comitê de Organização Política Eleitoral Independente).

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Outro exemplo de má interpretação da realidade foi o golpe de Estado de 2002, em que parte do Exército e os empresários decidiram nada menos que derrubar Chávez. Seria patético se não fosse trágico. Mas, sim, o então presidente da Fedecámaras (entidade empresarial), Pedro Carmona, apareceu diante da TV para anunciar que tinha deposto Chávez e que ele era, a partir de então, o presidente do país. Em três dias, Chávez já estava de volta.

Aí, sim, Chávez passou a ser mais autoritário, dando lugar à cruel ditadura que hoje está em vigor.

Durante o regime de Nicolás Maduro, a oposição cometeu uma série de erros. Por exemplo, o de ausentar-se de algumas eleições. Se pode entender, uma vez que a maioria delas foi manipulada. Mas deixar todos os assentos de um parlamento entregues a chavistas não era aceitável.

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