Rússia ameaça responder a mísseis dos EUA com armas nucleares

Em mais um dia de escalada retórica na crise entre a Rússia e o Ocidente, agravada pela Guerra da Ucrânia, o governo de Vladimir Putin ameaçou instalar novas armas nucleares mirando a Europa caso os Estados Unidos cumpram o plano de mover mísseis de longo alcance para a Alemanha.

O porta-voz da intenção foi o vice-chanceler Serguei Riabkov, responsável por negociações nucleares, que tem tomado a frente na esgrima verbal com países da Otan, a aliança militar ocidental.

Ele foi propositadamente vago em sua fala à agência Interfax, sem dizer do que se trataria essa resposta nuclear. Na prática, ela já está dada: há poucas dúvidas de que a Rússia tenha no território ocidental de Kaliningrado, entre Lituânia e Polônia, ogivas nucleares que podem equipar mísseis Iskander-M, que de lá podem atingir até Berlim.

O que interessa, no caso, é a tensão em si, já alta com a sucessão de ameaças de lado a lado. Durante a cúpula da Otan, na semana passada, os EUA anunciaram que posicionariam mísseis de cruzeiro Tomahawk, uma arma ofensiva, e mísseis SM-6, em tese de defesa aérea de longo alcance, em solo alemão a partir de 2026.

Essas armas haviam sido vetadas por um acordo entre americanos e soviéticos, em 1987, que posteriormente, em 2018, foi abandonado por Donald Trump. Paradoxalmente, se o republicano voltar ao poder no pleito deste ano, a possibilidade maior é de uma acomodação com Putin.

Com efeito, o chanceler russo, Serguei Lavrov, elogiou a escolha do senador J.D. Vance para a vaga de vice na chapa trumpista. O republicano é contra ajudar a Ucrânia na guerra e compartilha com os russos admiração pelo autocrático premiê húngaro, Viktor Orbán.

Já a porta-voz da chancelaria, Maria Zakharova, foi mais comedida. "Nós vimos as declarações. É necessário separar retórica pré-eleitoral de declarações feitas por autoridades com poderes. Se vamos falar sobre a possibilidade de resolver o conflito, sejamos realistas."

Em outra frente, o Kremlin criticou a ideia ventilada pela União Europeia de criar um braço próprio de defesa, paralelo à Otan. Para o porta-voz Dmitri Peskov, isso prova "a militarização do continente" contra a Rússia.

Ele também afirmou que seu país "vê com preocupação" os rumores de que Romênia e Bulgária, países da aliança que margeiam o mar Negro, possam aumentar a concentração de navios de guerra na região. A Turquia é o principal integrante da Otan naquelas águas, mas tem uma postura mais próxima a Moscou.

A chancelaria russa jogou com essa carta também nesta quinta, ao dizer que os exercícios militares dos EUA com a Armênia visam desestabilizar a região como um todo, sendo direcionados ao fim contra russos, aliados de Ierevan, iranianos e turcos —rivais históricos dos armênios.

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