China suspende diálogo nuclear com EUA após venda de armas a Taiwan

A China interrompeu conversas que mantinha com os Estados Unidos sobre controle de armas nucleares em protesto contra a venda de armamentos americanos à ilha de Taiwan.

A decisão de Pequim, que considera a China continental e Taiwan duas partes de uma só China, representa um sério revés para os esforços globais de controle de armas. Para especialistas, chineses se juntam aos russos ao se recusar a discutir com Washington medidas para conter uma corrida armamentista nuclear.

O anúncio da interrupção foi feito pelos chineses na quarta-feira (17). O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que as repetidas vendas de armas dos EUA para Taiwan nos últimos meses "comprometeram seriamente" o ambiente político para as conversas.

"O lado chinês decidiu adiar a discussão com os americanos em relação a uma nova rodada de consultas sobre controle de armas e não proliferação [de armas nucleares]. A responsabilidade recai totalmente sobre os EUA," afirmou Lin em entrevista coletiva.

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Ele acrescentou que a China de Xi Jinping continua disposta a manter a comunicação sobre controle internacional de armas, mas que os EUA "devem respeitar os interesses centrais chineses e criar condições necessárias para o diálogo e a troca."

Já o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse que a China optou por seguir o exemplo da Rússia ao afirmar que o engajamento em controle de armas não pode prosseguir enquanto houver outros desafios na relação bilateral.

"Achamos que essa abordagem mina a estabilidade estratégica e aumenta o risco de dinâmicas de corrida armamentista," disse Miller a jornalistas. "Infelizmente, ao suspender essas consultas, a China optou por não buscar esforços que gerenciariam riscos estratégicos e evitariam corridas armamentistas custosas, mas nós, os EUA, permaneceremos abertos ao desenvolvimento e à implementação de medidas concretas."

A administração do presidente dos EUA, Joe Biden, defende uma "política de compartimentalização", na qual as negociações de controle de armas nucleares são segregadas de outras questões entre China e EUA.

A decisão chinesa foi anunciada pouco mais de um mês depois de o governo Biden ameaçar implantar mais armas nucleares estratégicas para dissuadir coações dos arsenais chineses e russos.

Daryl Kimball, diretor executivo do grupo de defesa da Associação de Controle de Armas, disse que EUA, Rússia e China são legalmente obrigados, como signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear, a "se engajar em conversas para prevenir a corrida armamentista".

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