Veto a peça com drag queen em El Salvador descortina guerra cultural de Bukele

Um monólogo protagonizado por uma drag queen é cancelado após a primeira de duas sessões programadas.

À produção, os administradores do teatro, uma propriedade pública, creditam o cancelamento às condições climáticas adversas.

Pouco depois, no entanto, o governo divulga um comunicado nas redes sociais dizendo que a equipe tinha omitido deliberadamente informações sobre o conteúdo da montagem, "inadequado às famílias", ao inscrever seu projeto e que, por isso, a encenação seria suspensa.

Dias após o fato, o presidente do país anuncia a demissão de mais de 300 funcionários do Ministério da Cultura por "promoverem agendas incompatíveis com a visão do governo".

O episódio remete a vários casos de censura ocorridos no Brasil antes e durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando projetos culturais cujos assuntos desagradavam o eleitorado conservador, como temáticas de gênero e críticas à ditadura militar, eram comumente perseguidos. O fato em questão, porém, aconteceu em San Salvador, a capital de El Salvador, no mês passado.

O nome da peça censurada é "Inmoral". Foi escrita, dirigida e estrelada por Irene Crown e produzida por Alexa Evangelista, a dupla por trás do Proyecto Inari. O espetáculo, que narra experiências de violência e rejeição de pessoas LGBTQIA+ salvadorenhas, estreou oito anos atrás.

Ele chegou a ser encenado no mesmo palco do qual foi barrado em 2016, 2017, 2018, 2023 e 2022. A diferença, segundo diz a criadora da peça à 💥️Folha, era que a versão anterior não tinha a mesma ênfase na estética drag.

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Crown, 30, nega ter cometido quaisquer das irregularidades que, de acordo com o governo salvadorenho, motivaram a proibição. A reportagem entrou em contato com as autoridades do país pedindo esclarecimentos, mas não houve resposta.

A artista se queixa sobretudo do fato de que a maioria dos que atacaram o espetáculo nas redes sociais não só provavelmente não o assistiram, como nem sequer pesquisaram sobre o que ele é.

Ela diz que o nome do espetáculo, "imoral", por exemplo, não tem a ver com um suposto elogio à imoralidade, como insinuado por detratores. É, na verdade, uma crítica aos "morais", forma como o texto da peça descreve aqueles que, porque têm dinheiro e estão bem vestidos, acham que podem fazer o que quiserem.

"As pessoas estão dizendo que a obra é contra Deus, contra a família, que quero doutrinar crianças. É horrível. Sou uma artista, não estou criando uma propaganda [LGBTQIA+]."

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