Adianta conversar com evangélicos ou melhor enfrentá-los?

O papel relevante que o numeroso grupo de evangélicos passou a assumir na vida pública e na esfera da política brasileira tem gerado situações preocupantes e potencialmente ameaçadoras à saúde de nossa democracia.

A casta de representantes desse universo social, que ocupa postos nos diversos poderes da República e em muitos ramos da economia, tem se destacado pelo ultraconservadorismo reacionário associado à ideia teocrática de que as normas da religião devem presidir a sociedade.

A premissa do Estado laico é desprezada pela maioria desses líderes, alguns deles impostores caricaturais, que vivem da credulidade alheia e se apoiam numa vasta rede de igrejas, não raro baseadas em esquemas teológicos rudimentares e estapafúrdios. Para piorar, tais entidades —e não são apenas as evangélicas, ressalte-se—, desfrutam de benefícios fiscais abusivos e questionáveis.

Comento o assunto para levantar um ponto que se tornou recorrente em certo debate no campo progressista: "É preciso conversar com os evangélicos"... A frase sintetiza a ideia de que "precisamos conhecer", "precisamos entender" e "precisamos interagir" com essa massa religiosa ou esses ETs pentecostais simpáticos à ultradireita que andam por aí a nos intrigar ou assombrar.

Essa disposição ao que seria um diálogo produtivo parece conter em seu substrato o pressuposto de que podemos "melhorar" os evangélicos, torná-los mais sensíveis a bons argumentos democráticos.

Em entrevista à 💥️Folha, Paul Freston, sociólogo especialista em religião e política, voltou a tocar no assunto. O governo Lula precisaria ser "bilíngue" para tentar ganhar esses setores pelo discurso. Será? Por mais que as intenções se mostrem boas e que de fato seja importante não massificar o pentecostalismo, é difícil não ver uma dose de paternalismo e presunção na ideia de capturar esse segmento pela conversa.

Em sentido contrário, entre fiéis e pregadores evangélicos, os liberais progressistas são vistos como ovelhas desgarradas a contrariar os desígnios de Deus. Vivem em pecado, sob a influência de satanás. Esses sim, precisariam urgentemente ser chamados ao convívio com o Senhor.

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