Envelhecer me faz pensar que melhor parte de muitos livros é capítulo final

A personagem Evelyn Couch diz a Ninny Threadgoode em "Tomates Verdes Fritos": "Eu sou jovem demais para ser velha e velha demais para ser jovem. Eu simplesmente não me encaixo em lugar nenhum."

Penso frequentemente nesta frase, nesse sentimento de estar deslocado, especialmente em uma cultura que glorifica obsessivamente a juventude e nos ensina a ver o envelhecimento como um inimigo.

Ninguém realmente nos diz como devemos envelhecer, quanto lutar contra isso e o quanto aceitar isso é o equilíbrio certo. Ninguém nos diz como devemos nos sentir quando o corpo fica mais flácido e o cabelo mais grisalho, como devemos considerar o enrugamento da pele ou as rugas no rosto que fazem nossos sorrisos parecerem infelizes.

O poeta Dylan Thomas nos disse que deveríamos "enfurecer-se, enfurecer-se contra o apagar da luz", que "a velhice deveria queimar e delirar no fim do dia". Ele morreu, tristemente, antes de completar 40 anos.

Para aqueles de nós que já passaram desse marco, a raiva parece inútil, como uma má alocação de energia. Afinal, há uma beleza no envelhecimento. E envelhecer é mais do que a nossa aparência ou como nos sentimos em nossos corpos. É também sobre como o mundo ao nosso redor avança e nos puxa junto.

Lembro-me de uma ligação, há alguns anos, de uma amiga de longa data que disse que parecia que seu pai estava prestes a falecer. Lembro-me de encontrá-la, junto com outro amigo, na casa de cuidados para idosos em que seu pai estava, para que ela não precisasse ficar sozinha, e lembro-me de ver a maneira como as lágrimas dela caíam no rosto dele enquanto ela acariciava suas bochechas e sussurrava seu nome, a maneira como ela desmoronou no corredor na saída, gritando, sem saber se aquela noite seria a última dele.

Ele sobreviveu, e sobreviveu a várias experiências de quase-morte desde então, mas vi a luta da minha amiga com as dificuldades de saúde de seu pai como um prenúncio do que um dia poderia ser minha luta com o envelhecimento e os desafios de saúde dos meus pais. E foi.

Logo após aquela noite angustiante, minha mãe, que mora sozinha, sofreu um derrame. Felizmente, um dos meus irmãos estava tomando café da manhã com ela naquele dia e, ao notar que sua fala estava ficando arrastada, levou-a às pressas para o pronto-socorro.

No voo para Louisiana, tentei em vão manter a calma, sem saber em que condição ela estaria quando eu chegasse, sem saber o dano que o derrame havia causado. Quando finalmente a vi, ficou confirmado para mim como éramos sortudos pelo meu irmão ter estado alerta e agido rapidamente. Minha mãe se recuperaria completamente, mas a imagem dela naquela cama de hospital —diminuída da imagem forte e invencível que eu tinha gravada em minha mente— me abalou e permaneceu comigo.

Naquele momento, fui lembrado de que minha mãe estava no capítulo final de sua vida e que eu estava entrando em uma nova fase da minha. Essa é uma das partes profundas e emocionais do envelhecimento: assumir um novo papel familiar, reconhecer que meus irmãos e eu estávamos passando de tios para anciãos.

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