Conselheiro de educação de SP diz que bolsas causam impacto negativo e devem ser revistas
O empresário Claudio Mansur Salomão disse, em uma reunião do CEE-SP (Conselho Estadual de Educação), que bolsas de estudo causam impacto negativo na vida social dos alunos mais pobres e defendeu que haja uma "triagem melhor" nas escolas particulares para conceder a gratificação a filhos de funcionários.
Salomão é conselheiro estadual de educação e também mantenedor da Faculdade Eduvale de Avaré. Ele criticou a concessão de bolsas de estudos ao comentar caso de suicídio de um bolsista do Colégio Bandeirantes, que havia ocorrido dois dias antes da reunião. O estudante era bolsista.
"Eu sistematicamente tenho sido combativo e tenho sito até✅ 'persona non grata' nos sindicatos [por defender que] nós precisamos parar para pensar sobre algumas conquistas em convenções coletivas. Como por exemplo, bolsa de estudos para filhos de funcionários. Há que ter uma triagem melhor, porque o impacto negativo na vida social existe e não é considerado", disse Salomão na reunião de 14 de agosto.
A reportagem procurou Salomão por meio do conselho, pela faculdade e por suas redes sociais, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
As reuniões do conselho são transmitidas ao vivo pelo Youtube e depois ficam gravadas na plataforma.
Antes da fala do empresário, o ex-diretor do Colégio Bandeirantes Mauro Salles Aguiar, que também é conselheiro do órgão, disse que gostaria de falar do caso do aluno aos colegas.
Aguiar, que hoje atua como assessor do núcleo de estratégia e inovação da escola, relatou que a direção da unidade fez uma reunião com os outros bolsistas para tratar do caso. Ele disse que ficou chocado com a reação dos estudantes, que classificou de agressiva.
"Fizemos uma reunião com os alunos do Ismart [ONG que tem parceria com o colégio para ofertar bolsas de estudos] e foi muito chocante a reação deles. A agressividade dos alunos foi de tal ordem, misturando assuntos que nada têm a ver com a tragédia", disse Aguiar.
"Eles diziam que a gente precisa diminuir as diferenças sociais do país, bom a gente está tentando. É uma gota d'água no oceano, mas a gente está tentando", continuou.
Em nota, a direção do colégio disse que Aguiar não ocupa mais o cargo de diretor. "As declarações do educador, integrante do CEE-SP, ocorreram no âmbito do conselho. No momento, o colégio não tem mais comentários a acrescentar sobre o assunto."
Na noite desta quarta (28) o Bandeirantes afirmou em nota que vai manter as bolsas e a parceria com a Ismart.
"Conforme já esclarecido anteriormente, tal programa existe há mais de 17 anos porque manifesta a nossa crença de que a educação é a mais importante e completa ferramenta de transformação social e concretiza a nossa vocação para fazer a diferença na vida de nossos estudantes. Nessa linha, afirmamos que não temos a intenção de encerrar o programa", diz o texto.
Após a fala de Aguiar no conselho, Salomão disse se solidarizar com o ex-gestor por entender que as bolsas de estudo têm impacto negativo.
"Eu sustento isso há anos, desde que o meu filho, que estudou num colégio particular, tinha como coleguinha o filho do porteiro. É óbvio que aquele menino socialmente não tinha condições de acompanhar a vida social que todos os demais tinham", contou.
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