Cúpula da Otan ocorre em clima de apreensão com emergência da ultradireita e Guerra da Ucrânia

A cúpula da mais antiga e democrática aliança militar, no aniversário de 75 anos, teria sido um momento de autocelebração. Mas uma guerra em solo europeu, na Ucrânia, e múltiplas convulsões com a emergência da ultradireita isolacionista em democracias como a França e o anfitrião Estados Unidos, não deixam tempo para tapinhas nas costas.

Com exceção de uma merecida Medalha da Liberdade, a mais alta honraria civil americana, conferida ao norueguês Jens Stoltenberg, que se despede da liderança da Otan, a cúpula da aliança transcorre num clima de apreensão que evocou, na capital americana, comparações à última ceia.

Na semana em que a nota do Itamaraty sobre o hediondo bombardeio ao hospital infantil de Kiev covardemente omite o nome Rússia para identificar a autoria do ataque, democracias como Reino Unido, Canadá, França e Alemanha, que celebraram com alívio e derrota de Bolsonaro, não podiam estar mais distantes do stalinismo light que parece inspirar a postura oficial do Brasil diante de ditaduras expansionistas como a Rússia e a China.

É difícil ouvir os desafios enfrentados por líderes oposicionistas em fuga como Svetlana Tsikhanouskaia, da Belarus, presente à cúpula, e encontrar justificativa moral ou histórica para o contorcionismo do Itamaraty, cuja oferta de mediação trata a Rússia invasora como "uma das partes", numa primária confusão de paz com ocupação de uma nação soberana.

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A Otan foi fundada em 1949, impulsionada por Winston Churchill que, preocupado com o efeito da retirada militar americana, após o final da Primeira Guerra, expressou ao presidente americano Harry Truman o temor de que Stalin se aproveitasse da segunda partida, após a derrota de Hitler, do então único poder nuclear ocidental.

Se a Segunda Guerra inspirou a fundação da ONU, em 1945, a Otan nasceu como um pacto anticomunista em resposta à União Soviética. A aliança atendia não só aos interesses de integridade territorial dos europeus, mas a objetivos específicos e nada angélicos do superpoder americano.

Stálin esperneou o quanto pôde contra a criação da Otan. Quando a traumatizada Tchecoslováquia, recém-liberada da ocupação nazista, ensaiou pedir ajuda econômica americana pelo Plano Marshall, Stalin instalou comunistas no poder em Praga via golpe. Em seguida, numa resposta à fundação da Otan, criou o Pacto de Varsóvia, composto de países-satélite de Moscou.

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