Brasil articula documento separado sobre guerras para destravar acordos no G20

A Presidência do Brasil no G20 decidiu adotar uma estratégia de negociação da Apec (Fórum Econômico da Ásia e do Pacífico) para tentar superar um bloqueio que existe no fórum das 20 maiores economias do mundo desde a eclosão da Guerra da Ucrânia, em 2022.

O objetivo dos negociadores brasileiros é evitar que discordâncias sobre a guerra —e outras crises geopolíticas, como o conflito na Faixa de Gaza— contaminem os trabalhos do G20 e impeçam que os ministros produzam documentos acordados em suas respectivas áreas.

As duas últimas presidências do G20, da Indonésia e da Índia, foram marcadas por um impasse quase total causado pela guerra. De um lado, os Estados Unidos e seus aliados pressionavam para que todo e qualquer documento do grupo tivesse uma condenação à invasão feita pela Rússia. Moscou, como membro do G20, obviamente vetava o texto, o que impedia a divulgação de declarações oficiais por parte dos ministros.

Tanto na cúpula da Indonésia como na da Índia os presidentes conseguiram chegar a declarações de última hora para evitar a perda de credibilidade do fórum multilateral.

Em duas reuniões temáticas da Apec realizadas em maio, o Peru, que tem a presidência rotativa do grupo, propôs que a declaração final dos ministros não tivesse nenhuma referência a conflitos geopolíticos.

Em troca, Lima divulgou um documento separado, sob sua responsabilidade, no qual declara que durante a reunião alguns participantes "expressaram suas visões sobre Rússia e Ucrânia e a situação em Gaza".

"Algumas economias consideram que esses temas têm um impacto na economia global e poderiam ser abordados no âmbito da Apec, enquanto outras economias não acreditam que a Apec seja o fórum para discutir esses temas", dizia o documento peruano.

A estratégia alcançada no fórum da Ásia e do Pacífico serviu de inspiração para o Brasil. "Essa fórmula, que foi usada por outro grupo, também será usada pelo G20. Foi negociado um texto específico para que a presidência brasileira possa divulgar esse texto, e isso é suficiente para liberar, para destravar todas as declarações ministeriais —o que [não] acontecia desde o início de 2022", afirmou o embaixador Maurício Lyrio, negociador-chefe (sherpa) do Brasil para o G20.

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