Será a pecuária brasileira cobrada a respeitar a lei?

Em uma entrevista recente, a ministra Marina Silva compartilhou sua visão para o combate ao crime ambiental: liderança política unificada, medidas de fiscalização eficazes e novas oportunidades econômicas sustentáveis.

Ao abordar a mineração ilegal de ouro, a ministra enfatizou a necessidade de seguir o rastro do dinheiro. "Boa parte desse ouro produzido criminosamente na Amazônia e em outras regiões do mundo acaba sendo exportada para países desenvolvidos", disse ela. "Não comprar esse ouro é fundamental."

As palavras da ministra carregam a autoridade de alguém que tem liderado de forma bem-sucedida o combate à destruição ambiental. Sua avaliação de que tanto os vendedores como os compradores de ouro ilegal deveriam ser confrontados é incontestável. Mas no Brasil não se trata apenas do ouro.

A maior parte do desmatamento da Amazônia brasileira é ilegal —ano após ano essa tendência se repete. A maioria das áreas desmatadas é convertida em pastagens para o gado. O resultado é que a criação de gado é o principal vetor do desmatamento, sobretudo o ilegal. Essa prática também resulta em violações dos direitos de povos indígenas e de comunidades tradicionais quando atividades agropecuárias ilegais invadem seus territórios.

Seria de esperar que nossas autoridades fossem favoráveis a um regramento que proibisse empresas europeias de comprar carne brasileira e outros produtos quando ligados a crimes ambientais aqui. Tal como prescreveu a ministra Marina Silva, a lei europeia antidesmatamento visa justamente impedir que compradores de "países desenvolvidos" importem bens produzidos ilegalmente.

A Lei Europeia de Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) exige que as empresas europeias garantam que as commodities que exportam ou importam foram produzidas em condições que respeitam as leis do país de origem, incluindo leis ambientais, leis anticorrupção e leis sobre direitos do uso da terra. Os produtos também devem ser livres de desmatamento. A lei se aplica a produtos como carne bovina e couro, entre outros.

As empresas europeias terão que começar a cumprir a lei em janeiro de 2025. Porém, em vez de saudar a lei da UE, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que ela infringia a "soberania" brasileira, embora na verdade ela exija que empresas europeias garantam que os bens que compram respeitam as leis do próprio Brasil.

Uma declaração do Itamaraty afirmou que a lei da UE é "incompatível" com o desenvolvimento sustentável. Mas um amplo estudo do Imazon concluiu que, nos municípios amazônicos, o desmatamento está relacionado ao baixo desenvolvimento.

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