Grades na cracolândia promovem apartheid, diz novo chefe de conselho de direitos humanos de SP

O novo presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Adilson Sousa Santiago, 44, afirmou estar preocupado com a violência das forças policiais que atuam na cracolândia, no centro de São Paulo.

Santiago criticou por diversas vezes a instalação, neste mês, de grades na rua dos Protestantes, em ação conjunta das gestões Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ricardo Nunes (MDB). "Aquelas grades são uma segregação, um apartheid. Para não dizer [que é algo] desumano", disse à💥️ Folha na última quarta-feira (26), em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo.

Estado e prefeitura afirmam que o objetivo com a instalação das grades foi criar um "corredor da saúde", permitindo a aproximação de agentes de saúde e liberando o fluxo de carros, interrompido no trecho por causa do fluxo de dependentes químicos.

Santiago, que cresceu em uma comunidade na Vila Brasilândia, na periferia da zona norte da capital, possui graduação em pedagogia, jornalismo e atualmente cursa direito. É casado e pai de quatro filhos.

O órgão que ele agora chefia é um dos mais importantes na defesa dos direitos humanos no estado. Ligado à Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado, o Condepe foi criado em 1991 e é o responsável, por exemplo, por encaminhar ao governador a lista tríplice dos indicados ao cargo de ouvidor da polícia —atualmente ocupado pelo professor Claudio Silva. Com mandato até o final do ano, Silva já disse que pretende concorrer à recondução.

"Qual é a população que mais tem os seus direitos vilipendiados 24 horas por dia? Aquele povo nunca teve um olhar sério e eficiente. São doentes que vivem numa prisão a céu aberto. O Estado os trata da mesma forma que trata os traficantes, na porrada", disse.

"Ninguém consegue e provavelmente não quer jogar luz para encarar o verdadeiro problema e sugerir soluções. Não podemos continuar agindo como se [os dependentes químicos] fossem invisíveis. Eles existem. Mas são vistos como incômodo social, que atrapalham a arquitetura e a vida das pessoas de bem. Isso está errado", acrescentou Santiago.

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