Equipa israelita vai até Washington discutir intervenção em Rafah 24
Segundo o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, foi alcançado, na conversa hoje mantida entre o Presidente norte-americano, Joe Biden, e Netanyahu, “um ponto em que cada lado deixou clara ao outro a sua perspetiva” acerca de uma intervenção militar israelita em Rafah, no enclave mergulhado numa grave crise humanitária desde o início do conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas, que governa o território.
Sullivan indicou que o Presidente dos Estados Unidos acredita que uma grande ofensiva terrestre seria “um erro”, e providenciou para que uma delegação israelita se deslocasse a Washington para discutir o assunto.
Uma operação militar em grande escala em Rafah “levaria a mais vítimas inocentes, pioraria a já grave situação humanitária, reforçaria a anarquia em Gaza e isolaria ainda mais Israel”, justificou o conselheiro.
A discussão entre as partes também se vai centrar na possibilidade de “outra abordagem” destinada a atacar o Hamas em Rafah, dispensando uma grande ofensiva terrestre, prosseguiu.
Sullivan disse que Biden espera que Israel se abstenha de lançar uma operação em Rafah antes que esta discussão em Washington ocorra.
A conversa entre os dois líderes surge depois de membros do Partido Republicano em Washington e as autoridades israelitas terem expressado a sua indignação com críticas do líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, sobre a forma como Netanyahu tem conduzido a guerra na Faixa de Gaza e desejando a realização de eleições em Israel.
Biden não comentou diretamente o apelo eleitoral de Schumer, mas disse acreditar que fez um “bom discurso” e que refletiu as preocupações de muitos norte-americanos.
Por seu lado, Netanyahu, em comunicado após a conversa com Biden, referiu apenas que foram discutidos “os últimos desenvolvimentos na guerra, incluindo o compromisso de Israel em alcançar todos os objetivos: eliminar o Hamas, libertar todos os reféns [em posse do movimento palestiniano] e garantir que Gaza nunca (novamente) constitua uma ameaça para Israel”, ao mesmo tempo que disse fornecer “a ajuda humanitária necessária”.
Netanyahu rebateu as críticas do senador norte-americano no domingo, descrevendo os apelos para uma nova eleição como “totalmente inapropriados”.
O primeiro-ministro israelita disse ao canal Fox News que Israel nunca teria convocado uma nova eleição nos Estados Unidos após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
“Não somos uma república das bananas”, afirmou Netanyahu, acrescentando: “O povo de Israel escolherá quando terá eleições e quem elegerá, e isso não será imposto”.
Depois de ter sido o aliado mais próximo de Telavive, logo após o ataque terrorista do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro, a administração de Biden tem-se afastado progressivamente de Netanyahu, e as divergências são hoje públicas.
A frustração de Biden ficou patente numa entrevista recente à MSNBC, na qual afirmou que Netanyahu estava a “prejudicar Israel”.
O Presidente norte-americano anunciou durante o seu discurso sobre o Estado da União que os militares dos Estados Unidos ajudariam a estabelecer um cais temporário para aumentar a quantidade de ajuda que chega à Faixa de Gaza, após o lançamento por militares dos Estados Unidos de bens por via aérea sobre o enclave.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 07 de outubro com um ataque em solo israelita do movimento islamita palestiniano Hamas, que deixou 1.163 mortos, na maioria civis, levando ainda cerca de 250 reféns, dos quais 130 dos quais permanecem em cativeiro no enclave.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra total para erradicar o Hamas, tendo sido mortas nas operações militares em grande escala mais de 30 mil pessoas, na maioria mulheres e crianças, de acordo com as autoridades locais, controladas pelo grupo palestiniano.
O conflito, que ameaça alastrar a várias regiões do Médio Oriente, fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.
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