Rússia pede na ONU fim do isolamento dos talibãs afegãos 24
Falando numa reunião do Conselho de Segurança dedicada à situação no Afeganistão, a representante adjunta russa Anna Evstigneeva insistiu que o regime talibã no poder no Afeganistão está interessado em reforçar a cooperação regional e em reforçar os contactos com vários atores internacionais e agências da ONU.
E lamentou os “interesses mesquinhos” de “doadores ocidentais”, algo com o qual a ONU “não retira o mínimo benefício”.
“O que é censurável são as tentativas de vários países ocidentais de reduzir o nível de assistência pondo condições”, afirmou, referindo-se à exigência feita ao regime talibã de reverter todas as medidas de discriminação contra as mulheres nas universidades e escolas, no local de trabalho e na esfera pública em geral.
“É preciso deixar de politizar a ajuda humanitária”, insistiu a diplomata, acrescentando: “A estabilidade da região depende disso, mas a construção de uma paz duradoura é impossível sem um diálogo com as autoridades ´de facto´ sobre uma série de questões. E não há alternativa a isto”.
O representante adjunto da China, Geng Shuan, também criticou parcialmente as medidas tomadas pela comunidade internacional contra os talibãs, em especial o congelamento dos ativos do país no estrangeiro e a proibição de viajar de vários dirigentes talibãs.
O Conselho de Segurança, afirmou Geng Shuan, “deveria proceder a ajustamentos no regime de sanções e aplicar exceções à proibição de viajar dos dirigentes afegãos”.
“As sanções unilaterais impostas ao Afeganistão por países importantes devem ser levantadas e os seus ativos no estrangeiro devem ser imediatamente devolvidos (ao Afeganistão)”, afirmou.
A situação particular do regime afegão faz com que o assento na ONU seja ocupado por um representante do regime deposto há dois anos e meio, o embaixador interino Naser Ahmad Faiq, que declarou hoje ao Conselho de Segurança ser contra qualquer normalização com o regime.
“Não devem ser feitas concessões a (um regime que) institucionaliza a discriminação sistemática e generalizada baseada no género e as políticas de apartheid (…). O povo do Afeganistão está preocupado com a normalização e legitimação dos talibãs sem qualquer demonstração mensurável e independente da situação dos direitos humanos”, advertiu o diplomata, que vive no exílio.
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