Brookfield busca sócio para Ascenty em meio a boom de data centers no Brasil, dizem fontes

Por Luciana Magalhaes e Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A gestora de investimentos Brookfield Asset Management (BAM) está procurando um banco de investimento para assessorá-la na potencial venda de uma participação minoritária na Ascenty, uma das maiores operadoras de data center da América Latina, de acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto.

A Brookfield controla a Ascenty em parceria com a Digital Realty, e quer encontrar um sócio minoritário para financiar sua expansão, principalmente no Brasil.

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O grupo canadense está avaliando bancos locais com os quais já trabalhou anteriormente para a assessoria no processo, incluindo Itaú BBA e Bradesco BBI, disseram as fontes.

Os planos de expansão da Ascenty estão alinhados com a ascensão do Brasil como um centro global para data centers. Com o aumento da demanda por computação em nuvem e inteligência artificial, investidores devem investir mais de 10 bilhões de dólares no setor no Brasil na próxima década, segundo estimativas do banco Santander e do Ministério de Minas e Energia.

Com menos de 200 instalações, o país já está atualmente entre os 15 principais mercados globais. Mas projeções de um relatório do Santander apontam crescimento acima da média nos próximos anos, com um aumento anual das receitas de 7,1% de 2024 a 2028, superando a média global de 6,6% no mesmo período.

A Brookfield iniciou negociações com os bancos no ano passado, visando finalizar o processo de contratação nos próximos meses e concluir a venda até o final de 2025.

Fundada em 2010 pelo empresário norte-americano Chris Torto e pela empresa de investimentos Great Hill Partners, a Ascenty possui 34 data centers, operacionais ou em construção, no Brasil, México, Chile e Colômbia. Esses data centers são interligados por uma rede dedicada de fibra óptica de 5.000 quilômetros.

A gestora ainda não definiu quanto de sua participação deverá ser vendida ou o preço, e avaliar a Ascenty é um desafio, já que a empresa não é negociada publicamente.

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Desde que a Brookfield e a Digital Realty adquiriram a Ascenty por 1,8 bilhão de dólares em 2018, o número de data centers em operação e em construção mais que dobrou na América Latina.

"No Brasil há terrenos disponíveis e boa conectividade com o mundo todo", disse Marcos Siqueira, vice-presidente de operações e chefe de vendas da Ascenty em uma entrevista. Ele disse que não comentaria sobre o potencial negócio.

A Brookfield e os bancos também não quiseram comentar, e a Digital Realty não respondeu. As duas empresas detêm cada uma 49% da Ascenty, enquanto Chris Torto, atual CEO, possui os 2% restantes.

Outras empresas ativas na área incluem a provedora de infraestrutura digital V.tal, controlada pelo BTG Pactual, a empresa de segurança cibernética FS, a empresa global de infraestrutura digital Equinix a ODATA, adquirida pela Aligned Data Centers em 2023, e a Elea Data Centers.

PARTICIPAÇÃO DE MERCADO

Com 181 data centers, o Brasil representa menos de 2% do mercado global dominado pelos EUA e pela Europa, disse Maria Paula Cantusio, chefe de análises ESG do Santander Brasil, em entrevista.

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No entanto, EUA, Europa e a Índia, outra concorrente, enfrentam restrições energéticas, disse ela.

Enquanto isso, o Brasil vem expandindo a capacidade de energia renovável e investindo em linhas de transmissão, criando incentivos para maiores investimentos das empresas.

Data centers exigem investimentos iniciais substanciais e, embora o clima possa influenciar decisões de localização dos projetos, fatores como proximidade dos consumidores, disponibilidade de energia, conexões de rede e relações internacionais também têm papel significativo.

Para o setor de energia, os data centers oferecem novas oportunidades de negócio, mas também desafios ao planejamento de redes de transmissão e distribuição.

Várias projeções do setor são baseadas em números da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia, que prevê que a carga de data centers crescerá para 2,5 gigawatts (GW) até 2037. Isso é mais que o triplo da carga atual de 671 MW das instalações operacionais, de acordo com a consultoria JLL.

No entanto, o crescimento poderá ser muito maior. Números do governo indicam que a demanda potencial para conectar data centers novos ou em expansão à rede elétrica brasileira poderia atingir até 9 GW até 2035. Se tudo isso se materializar, acrescentaria uma carga de energia quase equivalente a de toda a região Nordeste.

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A principal dificuldade é identificar a demanda real, para evitar custos excessivos e capacidade ociosa caso as previsões de clientes de data centers se mostrem exageradas.

"Se houver expansão sem carga, a tarifa de uso da transmissão aumentará sem o correspondente aumento na contratação de capacidade, distribuindo os custos para outros usuários. Por outro lado, se formos excessivamente conservadores, faltará espaço, o que inibirá os investimentos deste novo segmento no país", disse Thiago Prado, presidente da EPE.

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