Scholz e países bálticos insistem que ajuda ocidental serve para defesa da Ucrânia 24
“As armas que estamos a fornecer à Ucrânia servem para a defesa do território ucraniano”, sublinhou o chefe do executivo alemão, Olaf Scholz, em Tallinn, juntamente com a primeira-ministra estónia, Kaja Kallas, o seu homólogo letão, Arturs Krisjanis Karins, e a da Lituânia, Ingrida Simonyte.
A Ucrânia “nunca agrediu outro país”, mas está a sofrer “a brutal agressão russa”, sustentou Karins, recordando que aquele país é diariamente alvo de ataques a infraestruturas civis, como foi hoje mesmo o caso de um hospital psiquiátrico em Dnipro, com pelo menos duas vítimas mortais.
A chefe do Governo lituano, por seu lado, apelou para que a próxima cimeira da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), a realizar na capital do seu país, Vilnius, no próximo mês de julho, sirva para reforçar as defesas antiaéreas de todo o flanco oriental da Aliança Atlântica.
Ingrida Simonyte recordou a especial vulnerabilidade dos países bálticos — enquanto ex-repúblicas soviéticas — e frisou que nenhum destes países se deixará intimidar pelas “provocações” dos Estados fronteiriços, procedam elas da Rússia ou da sua aliada Bielorrússia.
Questionado sobre a possibilidade de se entabular de imediato negociações de paz com Moscovo, Scholz respondeu: “A guerra na Ucrânia não pode derivar num conflito congelado. A Rússia deve retirar as suas tropas do território ucraniano, essa é a condição prévia”.
A resposta a quando ou como podem iniciar-se tais negociações “cabe obviamente à Ucrânia”, esclareceu em seguida o chanceler alemão, uma posição secundada pelos três dirigentes bálticos.
A reunião do líder alemão e dos seus homólogos dos países bálticos inscreveu-se na ronda preliminar de contactos antes da cimeira que reunirá em Vilnius os 31 Estados-membros da Aliança Atlântica.
Será a primeira em que a Finlândia comparecerá já como membro de pleno direito da organização, enquanto se aguarda que a Suécia – que também pediu a adesão no ano passado, após a invasão russa da Ucrânia – obtenha a ratificação dos dois últimos membros que ainda não o fizeram: a Hungria e a Turquia.
“A NATO é uma organização orientada para a defesa de todos e cada um dos seus membros”, recordou Scholz, para sublinhar mais uma vez as diferenças em relação à Rússia, enquanto país que se lançou numa “brutal guerra de agressão” contra a Ucrânia.
“Deveríamos ter agido antes, o mais tardar em 2014”, lamentou, por sua vez, Karins, referindo-se ao ano em que a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia.
“A Ucrânia está agora a pagar as consequências da nossa resposta tardia”, acrescentou o primeiro-ministro da Letónia, país que, como os outros bálticos e a Polónia, vinham pedindo aos seus parceiros ocidentais posições de maior força em relação a Moscovo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 457.º dia, 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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