O regresso do desfile da Victoria’s Secret
O regresso do desfile da Victoria’s Secret
Uma vez que a mensagem da Victoria’s Secret é hoje em dia a de que o mundo é das mulheres reais, dizendo aliás que as suas “Angels” não eram na sua perspetiva mulheres reais, estou curioso para para perceber que modelo de desfile e de espetáculo irão apresentar, neste seu regresso anunciado aos desfiles de moda.
A marca de lingerie feminina marcou uma época da moda internacional mas também no entretenimento, com um espetáculo anual único, televisionado por milhões de pessoas. De 1995 a 2018 o Victoria’s Secret Fashion Show, juntava as modelos que tinham contrato com a empresa para produzir um evento que ia muito para lá de um desfile e que passava pela atuação de grandes nomes da música, repleto de luz e de cor entre grandes produções artísticas desenhadas especificamente para o efeito. As modelos que vestiam a marca entravam num restrito grupo das denominadas “Angels” que as catapultaram para um reconhecimento à escala global e na passarela reproduziam e davam corpo a toda uma encenação em que a sua roupa era embelezada por icónicas asas, trabalhadas por grandes artistas e que resultaram num desenho que nos transportava para um ideário de magia.
Tive a oportunidade e a sorte de assistir a um desses exclusivos espetáculos, no Grand Palais em Paris, tendo visto ao vivo Bruno Mars, Lady Gaga e The Weeknd a cantar enquanto as modelos desfilavam com as suas imponentes e coloridas asas. Recordo desse dia, muito mais do que o culto do corpo ou a utilização do mesmo para efeitos depreciativos, a forma brilhante como num só espaço se juntavam várias peças e onde a marca conseguia sobressair no meio de tantas estrelas. Talvez dos produtos mais bem trabalhados a nível de comunicação que alguma vez vi, até porque, segundo me dizem algumas amigas, a lingerie em si, não é propriamente de qualidade superior, mas o que é facto é que alturas houve em que milhões de mulheres ansiavam e desejavam vesti-las, só para poderem dizer que tinham roupa da Victoria’s Secret.
Nesse dia, no backstage, tive a oportunidade de perceber que mesmo as mais famosas da época como Adriana Lima, Alessandra Ambrósio, as irmãs Hadid, a portuguesa Sara Sampaio ou a Kardashian Kendall Jenner se sentiam entusiasmadas e super nervosas por participarem de tamanha produção. O evento terminou em 2023 na altura com a resignação do seu diretor de marketing, acusado de incentivar a misoginia e envolvido em alguns escândalos por assédio sexual. O espetáculo foi então considerado inapropriado pela própria marca, por incentivar a uma cultura do perfeccionismo e por se considerar deslocada de uma realidade que hoje em dia impele à inclusão e ao culto da igualdade na diferença. Passou assim a publicitar as suas peças em corpos de modelos de “tamanhos grandes” e mulheres das consideradas minorias, fosse de género ou raça e tendo incluido, inclusivamente em 2022, no Dia dos Namorados, a primeira modelo com Síndrome de Down.
Uma vez que a mensagem da Victoria’s Secret é hoje em dia a de que o mundo é das mulheres reais, dizendo aliás que as suas “Angels” não eram na sua perspetiva mulheres reais, estou curioso para para perceber que modelo de desfile e de espetáculo irão apresentar, neste seu regresso anunciado aos desfiles de moda. O posicionamento da marca mudou de vez, cedendo às muitas críticas, veremos se a vontade do grande público será a mesma, para assistir na passarela a mulheres de “tamanho grande”, trangénero e muitas outras realidades. Estou também curioso para perceber se a vontade das mesmas comprarem a dita lingerie se mantém e de que forma conseguirão dar novo impulso ao cunho aspiracional, responsável por grande parte do seu sucesso. Em breve saberemos.
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