Exclusivo: Jornal Nacional tem acesso a depósito onde estão joias que governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente ao Brasil

O 💥️Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, ao depósito do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, onde estão as joias apreendidas pela Receita desde 2023. A reportagem é de Bruno Tavares, Patrícia Marques e Jorge dos Santos.

O avião comercial vindo de Doha, no Catar, pousou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, por volta das 15h do dia 26 outubro de 2023.

O voo trazia a comitiva do governo brasileiro que viajou para Riad, na Arábia Saudita, para participar oficialmente de uma cúpula climática. Assim que desembarcaram, os integrantes da comitiva seguiram pelos corredores que levam até a Alfândega do aeroporto. No local, qualquer passageiro, mesmo autoridade de Estado, têm que fazer uma opção: bens a declarar ou nada a declarar. Os integrantes da comitiva brasileira seguiram pelo caminho nada a declarar. Só que, um pouco mais adiante, foram parados pela fiscalização da Receita Federal.

O auditor Mario de Marco, que hoje comanda a Alfândega do aeroporto, era o chefe da Divisão de Conferência de Bagagem naquela época. Ele fazia parte da equipe de auditores fiscais que impediu a entrada das joias que estavam com o militar Marcos André dos Santos Soeiro, então assessor do ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.

De Marco explica que fiscalizações como essa são rotina em aeroportos do mundo todo. O Brasil é um dos poucos países que fiscalizam todos os passageiros por meio de um sofisticado sistema eletrônico.

Apesar das pressões do governo Bolsonaro para tentar liberar as joias, elas seguem retidas no depósito da Receita Federal, a que tivemos acesso com exclusividade. O depósito fica em uma área de segurança do aeroporto, fortemente vigiada 24h por dia e com acesso restrito.

Repórter Bruno Tavares com auditores fiscais da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos — Foto: JN 1 de 2 Repórter Bruno Tavares com auditores fiscais da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos — Foto: JN

Repórter Bruno Tavares com auditores fiscais da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos — Foto: JN

As joias estão guardadas dentro de uma caixa de couro, revestida de veludo, mantida no cofre da Receita Federal. A caixa não é muito grande. O nome de uma joalheria suíça, uma das mais luxuosas do mundo, aparece na parte de dentro.

O colar é feito em ouro branco e tem dezenas de pingentes, todos cravejados em diamantes. Um par de brincos, um anel e um relógio de pulso, também feitos em ouro e pedras preciosas, compõem o conjunto, avaliado em 3 milhões de euros, equivalentes a R$ 16,5 milhões.

Dentro de um pequeno envelope fica a chave que abre e fecha a caixa.

Caixa com conjunto de joias está guardada em cofre de depósito da Receita Federal — Foto: JN 2 de 2 Caixa com conjunto de joias está guardada em cofre de depósito da Receita Federal — Foto: JN

Caixa com conjunto de joias está guardada em cofre de depósito da Receita Federal — Foto: JN

O prazo para a regularização das joias terminou no ano passado, 90 dias depois de serem retidas pela fiscalização da Receita Federal. Se as joias tivessem sido apresentadas aos auditores como um presente para o Estado brasileiro, logo na entrada no país, elas estariam livres de pagamento de tributo e seriam incorporadas ao patrimônio da União.

A apreensão das joias revelou um lado menos conhecido da Receita Federal. O órgão, tão lembrado na hora da declaração do imposto de renda, é o mesmo que tem a missão de controlar e proteger as nossas fronteiras.

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