Justiça torna réu por homicídio e fraude processual GCM que matou estudante em SP e mentiu sobre arma em depoimento

Saída do estudante da universidade pouco antes do crime — Foto: Reprodução 1 de 4 Saída do estudante da universidade pouco antes do crime — Foto: Reprodução

Saída do estudante da universidade pouco antes do crime — Foto: Reprodução

A Justiça de São Paulo recebeu nesta sexta-feira (7) a denúncia do Ministério Público (MP) contra o guarda civil municipal 💥️Marcelo Antônio de Oliveira Júnior, de 34 anos, pelo assassinato do estudante 💥️Lucas Costa Souza, de 19 anos. Com isso, o agente se tornou réu pelos crimes de homicídio e fraude processual.

Na quinta-feira (6), a Polícia Civil havia concluído o inquérito que apurava o caso e o encaminhou ao Ministério Público. Segundo o relatório final da investigação, o agente foi responsabilizado pelos crimes por atirar e matar o estudante, e mentir em depoimento quando apresentou uma arma falsa, afirmando que o objeto pertencia ao jovem.

O crime ocorreu na noite de 27 de setembro, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Atualmente o guarda de São Bernardo está preso preventivamente por decisão da Justiça. Sua defesa não foi encontrada pelo 💥️g1 para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem. Em outras ocasiões, seus advogados alegaram que o cliente é inocente das acusações.

De acordo com a polícia, Lucas foi baleado pelo GCM depois de sair da universidade em que cursava administração. O jovem foi ao ponto de ônibus e confundiu o carro vermelho do agente com o do pai dele, que iria buscá-lo e é da mesma cor. E quando abriu a porta do passageiro para entrar, Marcelo deu dois tiros no peito do universitário, que caiu no chão.

Em sua defesa, o guarda alegou que o rapaz abriu a porta do seu automóvel, onde estava sentada a mãe do agente, e falou "vai", fazendo menção a estar armado. Nesse momento, Marcelo falou que atirou pensando se tratar de um assalto. Em seguida, ele entregou uma arma falsa na delegacia, dizendo que estava com Lucas.

Mas de acordo com o 💥️1º Distrito Policial (DP) de São Bernardo, que investigou o caso, depoimentos e fotos reforçam a versão de que o GCM inventou a história de que Lucas estivesse armado.

Imagens obtidas a partir da filmagem da câmera de segurança da universidade mostram o aluno entrando na faculdade e depois deixando o prédio antes do crime ao encontro do pai. Além disso, o jovem nunca se envolveu ou teve passagem criminais anteriores 💥.

Jovem de 19 anos morre baleado por guarda civil no ABC Paulista — Foto: TV Globo/Arquivo Pessoal 2 de 4 Jovem de 19 anos morre baleado por guarda civil no ABC Paulista — Foto: TV Globo/Arquivo Pessoal

Jovem de 19 anos morre baleado por guarda civil no ABC Paulista — Foto: TV Globo/Arquivo Pessoal

Nas sete páginas do relatório final da investigação, a autoridade concluiu que "o indiciado, qualificado nos autos, praticou homicídio consumado e fraude processual, haja vista que efetuou dois disparos na vítima no momento em que esta se aproximou de seu veículo. Inobstante, inovou artificiosamente, na pendência de processo penal, o estado de coisa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito".

De acordo com a polícia, a mãe de Lucas contou que o filho cursava administração de empresas havia três meses no Senac e que o pai dele sempre o buscava à noite com o carro da família, que é vermelho e tem vidros escuros.

"Sua mãe disse-lhe, então, que se dirigisse para o ponto de ônibus, explicando-lhe que seu pai estava perto, porém, sem gasolina. Lucas assim o fez, contudo, ao perceber um veículo Celta parado nas proximidades do ponto de ônibus, de cor e demais características semelhantes ao carro de seu pai, se dirigiu para o veículo, pois acreditou que era seu pai. Não restou evidente se chegou a abrir a porta do carro ou se somente fez menção de abri-la, no entanto, fato é que Lucas recebeu dois tiros no peito no momento em que dele se aproximou. Marcelo afirmou que acreditou que seria roubado, e, por isso, efetuou dois disparos na direção do jovem", informa trecho da conclusão do documento da polícia.

GCM foi preso após atirar e matar estudante e apresentar depoimentos conflitantes — Foto: Reprodução/TV Globo 3 de 4 GCM foi preso após atirar e matar estudante e apresentar depoimentos conflitantes — Foto: Reprodução/TV Globo

GCM foi preso após atirar e matar estudante e apresentar depoimentos conflitantes — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo o 1º DP em São Bernardo, até a mãe do GCM admitiu que Lucas não estava armado.

"Todavia, no que concerne à fraude processual, tem-se que o interior do veículo do indiciado não foi preservado para a perícia técnica, o que restará demonstrado no laudo pericial. Outrossim, a mãe do indiciado, pessoa que estaria bem ao lado de Lucas no momento em que ele abriu, ou tentou abrir a porta, disse que não o viu portanto arma de fogo. O próprio indiciado disse que Lucas estava com as mãos na altura do peito. Não se sabe, exatamente, onde o simulacro de arma de fogo teria sido encontrado, haja vista que o local não foi preservado, o que comprometeu toda a cadeia de custódia da prova", diz outro trecho do relatório da polícia.

Quando foi ouvido na delegacia, Marcelo afirmou que encontra a arma falsa quando voltava para o carro. Ela estava perto de uma árvore, segundo ele. Mas depois de dar depoimento, ele pedi para retirar a informação da réplica de arma, o que aumentou as suspeitas da investigação de que o agente estava mentindo. Por esse motivo, ele foi responsabilizado por fraude processual.

"Por fim, analisando o perfil e o histórico de Lucas, não se mostra crível a alegação de que o simulacro o pertencia, eis que a vítima era um jovem tímido, sem antecedentes criminais, que trabalhava como “jovem aprendiz” e frequentava um curso técnico, cujo retorno para a residência era sempre em companhia de seu pai", continua o documento da investigação.

Procurado pelo 💥️g1 nesta quinta (6), o advogado 💥️Ariel de Castro Alves, presidente da 💥️Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Bernardo, afirmou que o órgão acompanha o caso e que agora caberá à Justiça levar o GCM a júri popular por matar Lucas e mentir sobre a arma falsa.

"A polícia, a promotoria e a justiça agiram rapidamente neste caso e após uma semana dos fatos o acusado já virou réu. Certamente, plantaram a arma de brinquedo. Além de matar, tentou desqualificar a vítima, denominando o de criminoso, de forma totalmente mentirosa e nefasta, gerando mais sofrimento aos familiares do estudante. Ao menos nesse caso, o autor do crime não conseguiu induzir a polícia e a Justiça a erro e continua preso preventivamente", disse Ariel.

Avós de jovem de 19 morto por guarda civil em São Bernardo do Campo — Foto: Reprodução/TV Globo 4 de 4 Avós de jovem de 19 morto por guarda civil em São Bernardo do Campo — Foto: Reprodução/TV Globo

Avós de jovem de 19 morto por guarda civil em São Bernardo do Campo — Foto: Reprodução/TV Globo

Os avós paternos de Lucas contaram que o neto trabalhava, tinha muitos sonhos de ter uma carreira profissional e afirmaram que ele nunca pegou em uma arma.

A Prefeitura de São Bernardo do Campo informou que o GCM estava de folga e que abriu um processo administrativo para ajudar a esclarecer os fatos. Segundo a administração municipal, Marcelo começou a trabalhar na guarda em 2013.

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