FMI alerta para endividamento de países pobres por inflação e juros
Logotipo do FMI é visto do lado de fora do prédio da sede em Washington — Foto: Yuri Gripas/Reuters
Sob pressão durante a pandemia, as finanças públicas estão sob pressão em todo mundo, em meio ao aumento geral dos preços e do aumento das taxas de juros, um cenário que faz temer uma crise da dívida nas economias mais frágeis.
O motivo: o efeito combinado de uma alta taxa de endividamento e um aumento nas taxas de juros por parte dos bancos centrais para tentar evitar a inflação.
Na última quinta-feira, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, chegou a destacar que 25% dos países emergentes e mais de 60% dos países de baixa renda enfrentam dificuldades com sua dívida soberana. Alguns já estão em default.
Indício dessas crescentes dificuldades, o FMI aprovou 16 programas de ajuda desde o início da invasão russa da Ucrânia, no total de US$ 90 bilhões. E analisa mais 21 pedidos.
A pandemia deteriorou as finanças públicas da maioria dos países, apesar dos níveis de gastos muito desiguais para enfrentá-la: as nações mais pobres usaram o equivalente a um teto de 3% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para lidar com a situação, enquanto as economias desenvolvidas gastaram de 15% a 20 %, calculou o Banco Mundial.
Quando se esperava que, em 2022, a economia mundial voltasse ao caminho positivo, a guerra na Ucrânia acrescentou um elemento de tensão, ao provocar um aumento significativo dos preços da energia e dos alimentos. Este quadro mergulhou os países mais pobres em uma verdadeira crise do custo de vida.
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, chegou a falar do risco de uma "quinta onda de crises da dívida".
"Estamos diante de uma situação sem precedentes. Os Estados que têm um alto nível de endividamento e são importadores de energia e alimentos terão dificuldades, mais ainda se fizerem empréstimos em dólares", considerou Sheth.
O FMI tem crédito disponível até US$ 1 trilhão "e poderia, inclusive, usar suas reservas de ouro como garantia, se tivesse de dispor de mais recursos", afirmou o presidente do Centro para o Desenvolvimento Mundial (CGD), Masood Ahmed, em entrevista à AFP.
FMI e Banco Mundial têm, no entanto, limites em seu mandato: não podem emprestar para países que enfrentam o risco de moratória, a menos que reestruturem sua dívida. E isso exige a concordância dos credores.
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