Justiça termina de ouvir testemunhas do caso Colmeia Mágica em SP; duas rés serão interrogadas nesta sexta
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Da esquerda para a direita: Roberta e Fernanda Serme, donas da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária. As três foram responsabilizadas por tortura, maus-tratos e outros crimes contra 9 crianças que aparecem amarradas e chorando em vídeos e fotos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/g1
A Justiça de São Paulo terminou de ouvir na quinta-feira (13) todas as testemunhas e uma das três rés do💥️ caso Colmeia Mágica. Outras duas acusadas serão interrogadas na tarde desta sexta-feira (14), segundo o 💥️Tribunal de Justiça (TJ).
Segundo o TJ, ao menos 14 testemunhas, entre as de defesa e acusação, mais uma das proprietárias da escola de educação infantil da Zona Leste falaram na quinta no 💥️Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital. Roberta Serme, dona da escolinha foi interrogada na quinta. A irmã dela, Fernanda Serme, sócia e diretora da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária, serão ouvidas nesta sexta.
As três mulheres respondem por tortura, maus-tratos, associação criminosa, perigo de vida e constrangimento contra nove crianças, sendo duas meninas e sete meninos, que estudavam no local. Elas sempre negaram os crimes. As sócias proprietárias da Colmeia Mágica estão presas preventivamente por decisão da Justiça. A empregada responde solta às acusações.
Essa etapa do processo é chamada de audiência de instrução e precede o julgamento das acusadas, que poderão ser absolvidas ou condenadas a penas de prisão pela Justiça. A sentença será dada pela juíza ao final do interrogatório das rés. A decisão pode sair ainda nesta sexta ou depois dessa data, mas sem um prazo definido.
Além da audiência de quinta e desta sexta, já ocorreram ao menos mais duas audiências anteriores na Justiça. No dia 27 de julho foram ouvidos dos pais dos alunos. E em 26 de agosto as professoras da escola prestaram depoimentos.
O caso da Colmeia Mágica foi revelado em março deste ano pelo 💥️g1, depois que vídeos mostravam alunos chorando e amarrados em lençóis, presos a cadeirinhas de bebês dentro de um banheiro da Colmeia Mágica. As imagens viralizaram nas redes sociais.
Procurado pela reportagem para comentar o assunto, o advogado 💥️André Dias, que defende as irmãs Serme, afirmou nesta quinta que poderia falar "talvez depois da audiência". Ele não foi encontrado depois.
A reportagem também entrou em contato com a defesa de Solange, feita pelo advogado 💥️Leonardo Luiz Fiorini, mas ele não se pronunciou até a última atualização dessa matéria.
A Polícia Civil de São Paulo abriu em junho deste ano outro inquérito para apurar novas denúncias de tortura e maus-tratos, desta vez, supostamente contra mais 34 crianças (20 meninos e 14 meninas) da Colmeia Mágica. Esta é a segunda investigação envolvendo a escolinha.
Entenda abaixo como estão as duas investigações:
No primeiro inquérito, aberto no início deste ano, a 8ª Delegacia Seccional concluiu que as duas donas da Colmeia Mágica e uma funcionária cometeram tortura e maus-tratos contra nove alunos (duas meninas e sete meninos). Essas crianças aparecem em vídeos e fotos que circularam nas redes sociais. As imagens mostram elas chorando, amarradas com lençóis, e presas a cadeirinhas de bebês dentro do banheiro da escola. As cenas teriam sido gravadas por funcionárias descontentes. Foram a partir dessas imagens que a polícia passou a investigar os crimes.
A Colmeia Mágica atendia crianças de 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil. O caso provocou indignação nos pais de alunos. Atualmente a escolinha, fundada em 2002, está fechada.
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Pais de alunos protestaram na frente da Colmeia Mágica nesta terça (15) na Zona Leste de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais
Além de tortura e maus-tratos contra nove crianças, Roberta e Fernanda Serme, respectivamente diretora e sócia da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, empregada da escolinha, também foram acusadas por associação criminosa, perigo de vida e constrangimento no mesmo caso.
O MP e a Polícia Civil estão convictos de que as nove crianças sofreram violência física e psicológica dentro da Colmeia Mágica. Para esses órgãos, além dos vídeos das crianças amarradas, fotos de algumas delas machucadas após saírem da escola e laudos periciais comprovam as lesões.
As três já são rés neste processo na Justiça. As irmãs Serme estão presas preventivamente em Tremembé, interior paulista; Solange responde aos crimes em liberdade. Todas elas negam as acusações.
A audiência de instrução do caso, como é chamada essa etapa do processo antes do julgamento, já ouviu pais das vítimas em 27 de julho e professoras em 26 de agosto. Nos dias 13 e 14 de outubro, mais testemunhas darão depoimentos. Por último, estão previstos os interrogatórios das acusadas. Depois caberá à Justiça julgá-las e decidir se as condena ou absolve. Ainda não há data para o julgamento delas.
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Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução
Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução
Já o segundo inquérito contra a Colmeia Mágica foi aberto em 13 de junho pela polícia a pedido do 💥️Ministério Público (MP) e por determinação da Justiça. Ele ainda não foi concluído. A Promotoria quer saber, por exemplo, se a delegacia consegue esclarecer nesta nova investigação se as duas donas e a funcionária da Colmeia Mágica tiveram ajuda de professoras na tortura e nos maus-tratos contra as nove crianças.
O MP ainda pediu para a polícia apurar se as 34 novas denúncias realmente aconteceram e quem participou delas. Essas outras queixas haviam sido feitas na delegacia pelos pais dos alunos logo que o caso veio à tona. Mas como elas não foram apuradas a fundo à época, o promotor pediu que o inquérito sobre a escola fosse desmembrado.
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Foto mostra criança dormindo no chão da Colmeia Mágica, no primeiro inquérito — Foto: Reprodução/ Redes sociais.
Ele então denunciou à Justiça as três acusadas por crimes contra nove crianças. E pediu a abertura de uma nova investigação para apurar a veracidade das novas denúncias. O MP quer saber se essas outras acusações ocorreram e quem são as responsáveis por elas: seja cometendo os crimes ou sendo conivente com eles, pela omissão em não denunciá-los.
Além de Roberta, Fernanda e Solange, professoras da escolinha também serão investigadas pela polícia para saber se tiveram algum envolvimento.
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No primeiro inquérito: Menino com hematoma perto do olho e garoto internado no respirador. Ambos chegaram feridos e doentes em casa após saírem do berçário da Colmeia Mágica, em São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação
No primeiro inquérito, as educadoras foram ouvidas como testemunhas e não como investigadas. Naquela ocasião, elas negaram ter participado dos crimes. Haviam dito que presenciaram as cenas de violência e, por este motivo, decidiram denunciar as donas e a funcionária da escolinha.
Elas haviam contado à época que Roberta amarrava as crianças, acreditando que com isso elas parariam de chorar. Segundo elas, a diretora não suportava ouvir choros dos alunos. Segundo os depoimentos, Fernanda era conivente com a situação. Há ainda relatos de que Solange chegou a cobrir a cabeça de um bebê com uma coberta, e ele ficou internado num hospital após sentir dificuldades de respirar.
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Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
💥️Roberta chegou a confirmar em seu depoimento à polícia que os vídeos foram gravados na sua escola e que as crianças que aparecem lá são seus alunos. Mas negou que as amarrasse ou ordenasse a alguém para amarrá-las. Disse ainda que desconhecia quem teria feito isso. Mas desconfiava que as cenas pudessem ter sido montadas por alguma funcionária insatisfeita para prejudicar ela e sua irmã.
💥️Fernanda também se mostrou surpresa com os vídeos quando foi ouvida na delegacia.
💥️Solange também negou ter cometido algum crime. Além de acusar Roberta de "embalar'" as crianças, a funcionária falou à polícia, e em entrevista à 💥️TV Globo e ao 💥️g1, que as professoras da Colmeia Mágica eram orientadas pela diretora a fazer o mesmo "procedimento". Ela ainda falou que não ajudou a patroa a amarrar os alunos. E negou que tivesse jogado uma coberta na cabeça de uma criança, a sufocando.
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