Setor de serviços cresce 0,7% em agosto
Corretora financeira analisa gráfico enquanto orienta investidor ao telefone; — Foto: Freepik
O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,7% em agosto, na comparação com julho, aponta o levantamento divulgado nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da quarta alta seguida, com ganho acumulado de 3,3% no período.
Na comparação interanual, o setor registrou a 18ª taxa positiva consecutiva - o volume de serviços prestados cresceu 8% em relação a agosto de 2023.
O desempenho do setor em agosto veio acima do esperado. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,2% na comparação mensal e de 6,9% na interanual.
Com o resultado de agosto, o indicador acumulado do ano chegou a 8,4%, enquanto o acumulado nos últimos 12 meses desacelerou de 9,6% para 8,9%, mantendo trajetória descendente iniciada em abril, quando estava em 12,8%.
Com isso, o setor opera 10,1% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2023, e fica apenas 0,9% abaixo do maior patamar da série histórica, alcançado em novembro de 2014.
O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira e foi o mais atingido pela pandemia, sobretudo as atividades de caráter de atendimento mais presencial, como os serviços prestados às famílias.
Dentre os cinco segmentos de atividades do setor de serviços, três tiveram alta na passagem de julho para a agosto, uma ficou estável e uma registrou queda. O principal destaque foi o de Outros Serviços, cuja alta de 6,7% eliminou a queda de 5% registrada em julho.
"Esse resultado positivo vem após uma queda, o que não é incomum especialmente no setor de serviços financeiros auxiliares, que teve maior influência sobre esse avanço e também sobre a retração do mês anterior”, destacou o analista da pesquisa, Luiz Almeida.
Segundo Almeida, os serviços financeiros auxiliares representam cerca de 40% do segmento de outros serviços, por isso representaram o principal impacto sobre a taxa positiva do setor como um todo. Eles abarcam corretoras de títulos, consultoria de investimentos e gestão de bolsas de mercado de balcão organizado.
O segundo maior impacto no resultado mensal partiu do segmento de informação e comunicação, que teve a segunda alta mensal consecutiva, acumulando ganho de 1,8% no bimestre. Segundo Almeida, com este resultado o segmento "atingiu o ponto mais alto da série, chegando ao mesmo nível registrado em dezembro de 2023".
Ainda segundo Almeida, as atividades de telecomunicações, que fazem parte do segmento de informação e comunicação, passaram de uma queda de 1,8% em julho para uma alta de 1,5% em agosto, se mantendo ainda 20,7% abaixo do maior patamar da série histórica. "Mas, com o avanço de agosto, ele é um dos responsáveis pelo crescimento de informação e comunicação”, ressaltou.
Os serviços às famílias completam o trio de segmentos com alta no volume prestado em agosto em relação a julho. Foi a sexta taxa positiva consecutiva, gerando um ganho acumulado de 10,7% no período.
Apesar da trajetória ascendente evidenciar o ganho de fôlego destas atividades, o segmento de serviços prestados às famílias ainda está 4,8% abaixo do período pré-pandemia. Segundo o IBGE, a lenta recuperação se deve ao intenso prejuízo destas atividades, majoritariamente de atendimento presencial, que foram as mais prejudicadas pelas medidas de distanciamento social.
“Com o retorno das atividades presenciais, a queda das restrições e a diminuição do desemprego, ele vem reduzindo as perdas, mas ainda não chegou ao nível de fevereiro de 2023. Durante a pandemia, o setor chegou a ficar cerca de 67% abaixo do seu patamar recorde, atingido em maio de 2014”, ponderou o analista da pesquisa.
Após crescer por três meses consecutivos, o segmento de transportes teve ligeiro recuo em agosto, puxado tanto pelo transporte de passageiros (-0,5%) quanto pelo de cargas (-0,3%).
“O setor de transportes tinha um aumento acumulado de 4,0% entre maio e julho e está 20% acima do nível pré-pandemia e 0,2% abaixo do ponto mais alto da série, que foi justamente no mês anterior. Essa leve queda parece mais uma acomodação do setor”, avaliou Almeida
O pesquisador destacou haver efeito sazonal sobre que queda nos transportes de passageiros, já que em julho ela havia crescido 4,1%. "Era um mês de férias, com as pessoas mais dispostas a viajar, ponderou”.
Já o transporte de cargas acumulava ganho de 19,1% entre setembro do ano passado e julho desse ano e a queda de agosto não provoca grandes prejuízos ao segmento, que opera 31,3% acima do patamar pré-pandemia.
“O transporte de cargas teve um aumento considerável com as mudanças das cadeias logísticas, por conta das entregas online durante a pandemia, e também pela safra recorde, que gerou um aumento do transporte de insumos para a produção agrícola e o próprio escoamento da safra”, avaliou o pesquisador do IBGE.
De acordo com o levantamento, 18 das 27 unidades da federação registraram aumento no volume de serviços prestados em agosto. Os maiores impactos partiram de São Paulo (1,6%), Distrito Federal (5,0%), Minas Gerais (1,0%) e Rio de Janeiro (0,5%).
Dentre as nove UFs com queda no indicador, destaca-se o Paraná (-7,1%) como a principal influência negativa no resultado geral do país, seguido por Goiás (-3,4%) e Rio Grande do Sul (-1,1%).
Pelo segundo mês seguido houve crescimento do índice de atividades turísticas, que teve alta de 1,2% em agosto na comparação com julho. Com o avanço, o segmento turístico opera 0,1% acima do patamar pré-pandemia. Entre janeiro e agosto, o agregado especial de atividades turísticas acumula expansão de 39,1%
O IBGE destacou que apenas três dos 12 locais pesquisados para a composição desse indicador tiveram alta entre julho e agosto: Minas Gerais (3,9%), São Paulo (0,6%) e Pernambuco (0,8%). Dentre os nove com taxas negativas, destacam-se Rio Grande do Sul (-6,0%) e Santa Catarina (-6,0%).
Já na comparação interanual, todas as 12 UFs registraram crescimento em relação a agosto do ano passado, levando o segmento a uma alta de 22,8% no período. Esse resultado reflete o bom desempenho de restaurantes, hotéis, locação de automóveis, transporte aéreo, serviços de bufê, e rodoviário coletivo de passageiros.
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