Ucrânia recebe sistema de defesa aérea Iris-T da Alemanha; entenda o que muda na guerra

Um míssil IRIS-T na base aérea de Rostock-Laage, na Alemanha, em foto de arquivo de 2005 — Foto: AP/Thomas Haentzschel 1 de 2 Um míssil IRIS-T na base aérea de Rostock-Laage, na Alemanha, em foto de arquivo de 2005 — Foto: AP/Thomas Haentzschel

Um míssil IRIS-T na base aérea de Rostock-Laage, na Alemanha, em foto de arquivo de 2005 — Foto: AP/Thomas Haentzschel

A Ucrânia recebeu seu primeiro sistema de defesa aérea Iris-T da Alemanha, capaz de proteger uma cidade inteira de bombardeios aéreos. A informação foi confirmada pelo ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov, em mensagem publicada no Twitter na noite de terça-feira (11). Segundo Reznikov, o sistema americano NASAMS também está chegando ao país.

"Uma nova era de defesa aérea começou", afirmou o ministro ucraniano. "Isto é apenas o começo", disse Reznikov, "e precisamos de mais". "Não há dúvida de que a Rússia é um Estado terrorista. Existe uma obrigação moral de proteger o céu da Ucrânia a fim de salvar nosso povo", escreveu o ministro no Twitter. 

Ontem, durante uma videoconferência da cúpula do G7, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia pedido às potências ocidentais para ajudar a Ucrânia com um "escudo antiaéreo", após novos bombardeios russos.

O G7 (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Japão) se comprometeu a empenhar todos os esforços para que "Vladimir Putin e os responsáveis respondam pelos últimos bombardeios" e lançou novas advertências a Moscou.

Ataques russos maciços lançados segunda e terça-feira (11) contra alvos civis em Kiev e Lviv (oeste), entre outras cidades ucranianas, deixaram ao menos 19 mortos e mais de uma centena de feridos. Os bombardeios também destruíram parcialmente infraestruturas energéticas do país.

Especialistas notam a ausência da aviação russa nesses bombardeios e evocam duas hipóteses: Moscou pode estar enfrentando dificuldades de manutenção de seus aviões de combate, devido ao impacto das sanções impostas pelos ocidentais, ou pode estar poupando os aviões para uma fase futura da guerra.

Em junho, o chanceler alemão, Olaf Scholz, havia prometido a Kiev a entrega dos sistemas Iris-T que, segundo ele, protegeria uma grande cidade dos ataques aéreos. Na segunda-feira 10), enquanto a Rússia promovia bombardeios com drones e mísseis em várias regiões da Ucrânia, a ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, garantiu que o primeiro destes sistemas seria entregue em Kiev "nos próximos dias" e mais três no próximo ano.

O sistema Iris-T tem capacidade para formar um escudo antiaéreo de 20 quilômetros de altura e 40 quilômetros de largura. As Forças Armadas da Alemanha utilizam esses mísseis, mas como não possuem o sistema terra-ar completo, usam aeronaves Tornado ou Eurofighter para disparar os engenhos de interceptação de ataques aéreos.

Sistema de defesa antiaérea NASAMS em Oslo, na Noruega, em foto de arquivo de 2010 — Foto: Soldatnytt/CC BY 2.0 2 de 2 Sistema de defesa antiaérea NASAMS em Oslo, na Noruega, em foto de arquivo de 2010 — Foto: Soldatnytt/CC BY 2.0

Sistema de defesa antiaérea NASAMS em Oslo, na Noruega, em foto de arquivo de 2010 — Foto: Soldatnytt/CC BY 2.0

O governo americano, por sua vez, também prometeu fornecer à Ucrânia sistemas NASAMS – abreviação de Norwegian Advanced Surface to Air Missile System, ou seja, "sistema antiaéreo norueguês avançado", concebido em cooperação da Noruega com os Estados Unidos. Em operação desde 2007, o NASAMS é um sistema de defesa aérea do tipo terra-ar, de médio alcance e altíssima precisão. Dois conjuntos serão entregues à Ucrânia nas próximas semanas ou meses e mais seis como parte da assistência americana a longo prazo. 

O sistema NASAMS combina lançadores e sistemas de controle noruegueses com o americano AIM-120 Advanced Medium Range Air-to-Air Missile (AMRAAM). É capaz de atingir 72 alvos simultaneamente. É com este equipamento militar que as Forças Armadas dos Estados Unidos protegem Washington de bombardeios inimigos.

Em represália à explosão que danificou no sábado (8) a ponte da Crimeia, atribuída por Moscou aos serviços de inteligência de Kiev, Putin ordenou uma resposta militar impiedosa no território ucraniano. A ponte, inaugurada pessoalmente por ele em 2018, é um elo vital para transportar equipamentos militares para soldados russos que lutam na Ucrânia. 

Sem conseguir uma vitória militar em terra, a Rússia usou drones de fabricação iraniana e mísseis lançados de navios para bombardear alvos civis em Kiev e Lviv (oeste), entre outras localidades ucranianas. Os ataques ainda atingiram quase 30% das infraestruturas energéticas do país, de acordo com o ministro ucraniano da Energia, Herman Halutchenko. 

As autoridades estão pedindo aos ucranianos que reduzam o consumo de energia, num momento em que as temperaturas se aproximam de zero grau, com a chegada próxima do inverno. Milhares de habitantes já enfrentam apagões diários, devido aos ataques russos às redes de transmissão elétrica. 

Paralelamente, Kiev continua sua contraofensiva e reconquistou, nesta quarta-feira (12), cinco localidades na região de Kherson (sul), que estavam ocupadas por soldados russos. 

Rússia detém suspeitos de ataque à ponte da CrimeiaOs serviços de segurança da Rússia (FSB) indicaram nesta quarta-feira a prisão de oito pessoas suspeitas de participação no ataque com explosivos na ponte da Crimeia. Três cidadãos têm nacionalidade ucraniana e os outros cinco são armênios, segundo comunicado do FSB. O Kremlin também afirmou ter impedido dois outros projetos de atentados planejados por Kiev. 

De acordo com o FSB, os explosivos foram dissimulados em filmes plásticos e foram enviados no começo de agosto de barco do porto de Odessa, na Ucrânia, para o de Ruse, na Bulgária. Os serviços de inteligência russos afirmam que os explosivos entraram na Rússia em 4 de outubro, em um caminhão com placa da Geórgia, antes de chegar em 6 de outubro à região russa de Krasnodar, na fronteira da Crimeia, península anexada por Moscou em 2014. A Rússia afirma que a ação foi organizada por militares ucranianos. 

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