Haddad diz que irá formar em SP 'governo de coalizão democrática' em debate que virou entrevista após desistênci
O candidato ao governo de SP Fernando Haddad (PT) durante entrevista nos estúdios do SBT — Foto: RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) participou na noite desta sexta-feira (14) de entrevista realizada por um pool formado por Estadão, Rádio Eldorado, SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil. A sabatina substituiu um debate que estava marcado entre o petista e o candidato do Republicanos, Tarcísio de Freitas , que desistiu de ir ao evento.
A mediação foi feita por Carlos Nascimento, e o programa se dividiu em dois blocos.
No primeiro turno, Tarcísio teve 42,3% dos votos válidos, e Haddad, 35,7%.
Haddad iniciou a entrevista lamentando a ausência do adversário e disse que "o confronto de ideias" daria aos cidadãos "a oportunidade de escolher o melhor caminho para São Paulo". "Acho que teríamos uma oportunidade de ouro de debatermos e conversarmos como na Bandeirantes. Ele teria a oportunidade de defender seus projetos, e eu, os meus. E o confronto de ideias daria ao cidadão a oportunidade de verificar o que é melhor para a sua família."
O petista afirmou que vai "acabar com o Centrão" no estado de São Paulo. "Não vou tolerar esse tipo de toma lá da cá. Fico atônito de ver como meu adversário diz, com todas as letras, que a turma do Centrão virá para o estado, inclusive com o orçamento secreto, que ele diz que não dá para contornar. Podemos ter, pela primeira vez na história, um governo de coalizão democrática que reúna as melhores cabeças do estado e não precise contar com o Centrão."
Após a sabatina, Haddad falou sobre virar votos no interior. Disse que tem estratégia de reta final pensada para isso e lembrou que, em 2012, na disputa à prefeitura, ele era o terceiro nas pesquisas às vésperas do primeiro turno, mas passou em segundo deixando Celso Russomanno para trás e depois venceu.
2 de 2 Candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), chega aos estúdios do SBT para ser sabatinado pelo pool de veículos composto por Estadão/Eldorado, CNN, Veja e Rádio Nova Brasil, em Osasco, na Grande de SP — Foto: RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), chega aos estúdios do SBT para ser sabatinado pelo pool de veículos composto por Estadão/Eldorado, CNN, Veja e Rádio Nova Brasil, em Osasco, na Grande de SP — Foto: RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Ao ser perguntado sobre agronegócios e em qual será seu comportamento sobre invasões de terra, caso seja eleito, Haddad defendeu o “cumprimento da lei para os dois lados”. O candidato afirmou: “Se nós cumprimos a lei, vai ficar bom para todo mundo. Só que a lei tem que valer para os dois lados, sobretudo para quem mais precisa do apoio do Estado. Nós não podemos considerar a hipótese de invasão de terras produtivas, de um lado; e, de outro lado, não podemos aceitar que a terra não cumpra sua função social. E a nossa Constituição é muito clara. Se a terra cumpre a sua função social ela tem de ser preservada pelo poder público e eu vou fazer cumprir a lei. Se a terra não cumpre função social, não precisa de invasão. Basta fazer chegar ao conhecimento do governador que ele vai desapropriar para fins de reforma agrária. O que é isso? Fazer a terra produzir”.
Ao ser questionado sobre valores dos pedágios nas estradas estaduais, afirmou que pretende relicitar contratos já finalizados e fazer uma nova concorrência. "O que acontece no mundo inteiro no final do contrato, você relicita o contrato. Você coloca aquele pedágio em concorrência pública e a concorrência, faz baixar o pedágio. Isso aconteceu várias vezes aqui em São Paulo. Algumas rodovias pedagiadas foram relicitadas e a concorrência fez um pedágio cair 20%, chegou a cair 30%. Essa é a prática Internacional. O governo atual não fez isso. O governo atual prorrogou contratos, mantendo o mesmo valor."
Sobre o combate à extrema pobreza, afirmou que pretende trabalhar em conjunto com os governos municipais e que o programa Renda Básica de Cidadania deve ser implantado em caráter “emergencial”. “Eu acho que esse é um drama que está afetando não só a região metropolitana de São Paulo, mas também cidades do interior. Eu visitei, de um ano para cá, 150 cidades do interior, grandes, pequenas e médias. Pude ver, conversando com os prefeitos dessas cidades, que o drama da população em situação de rua, para dar um exemplo, é um drama que se espalhou por todo o estado.”
Haddad prometeu aumentar o salário mínimo no estado para R$ 1.580. “Nós vamos aumentar o salário mínimo paulista para R$ 1.580. Isso não é nenhum favor, isso é a reposição da inflação porque o salário mínimo aqui no estado de São Paulo ficou congelado durante a pandemia, um equívoco muito grande."
O ex-prefeito criticou o sistema tributário brasileiro e afirmou ser necessário "cobrar mais de quem ganha mais e cobrar menos de quem ganha menos”. "No Brasil, quem tem menos renda paga proporcionalmente mais imposto no Brasil. E por quê? Porque os impostos incidem sobre o consumo e pouco sobre o patrimônio. Então, quem tem muito patrimônio, paga pouco imposto, e o pobre, que consome mais de 100% da sua renda e se endivida por isso, é aquele que sustenta o orçamento público. Isso foi denunciado há anos por vários economistas. Tem que inverter essa lógica, cobrar menos do consumo, sobretudo do gêneros de primeira necessidade, e cobrar mais do patrimônio e da renda."
Haddad respondeu que pretende reativar obras paradas na área de infraestrutura. "Se fosse uma obra parada, seria fácil, mas são 500 obras paradas e reativá-las é uma das formas para gerar emprego rapidamente para a população, e o emprego direto acaba gerando empregos indiretos, porque isso faz a economia rodar. Então retomar obras é fundamental, e eu diria que na infraestrutura é mais fundamental ainda."
"A gente precisa de recursos federais, sim, para tocar as obras contratadas e inclusive fazer novas. Tenho me comprometido com o trem intercidades, ligando Campinas a São Paulo, os projetos de São José dos Campos, Sorocaba e a Baixada Santista. E deixar pronto até o final do mandato tudo com o Bilhete único Metropolitano, que é algo que pode ser feito imediatamente”, disse.
Quando questionado sobre como pretende corrigir o déficit de policiais no estado, Haddad disse que será necessário requalificar a Polícia Civil e atrair mais jovens para a profissão. "Eu acho que nós precisamos fazer na Polícia Civil de São Paulo o que nós fizemos na Polícia Federal. Nós fortalecemos a Polícia Federal como nunca se fez. Nós fizemos uma carreira. Nós contratamos policiais federais. Hoje a polícia é um orgulho, a Polícia Federal orgulho, nós temos que ter uma Polícia Civil aqui em São Paulo equivalente."
“Nós dependemos da investigação para desbaratar as quadrilhas. Enquanto a gente ficar só prendendo em flagrante e não der consequência e uma investigação que vai chegar na organização criminosa, que alicia e recepta os bens roubados, nós não vamos transmitir sensação de segurança.”
“Sei exatamente o que está passando com as pessoas do estado. As pessoas estão com um orçamento que não chega no final do mês. Estão subempregadas, com empregos precários. Estão preocupados com a educação dos seus filhos, evasão dos jovens da faculdade e ensino médio, estão preocupados com a fila do SUS. E onde está o Tarcísio de Freitas? Ao invés de estar junto comigo explicando para a sociedade o que queremos para o estado de São Paulo, num horário que ele deve estar em casa, ele poderia estar aqui comigo dando a melhor das oportunidades que a democracia permite.”
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