Áudio da cabine emociona no julgamento do voo Rio-Paris: 'Nós ouvimos as vozes do além-túmulo'

Partes de avião da Air France resgatados no oceano Atlântico chegam ao porto de Recife em 2009 — Foto: Alexandre Severo/JC Imagem/REUTERS 1 de 2 Partes de avião da Air France resgatados no oceano Atlântico chegam ao porto de Recife em 2009 — Foto: Alexandre Severo/JC Imagem/REUTERS

Partes de avião da Air France resgatados no oceano Atlântico chegam ao porto de Recife em 2009 — Foto: Alexandre Severo/JC Imagem/REUTERS

A gravação em áudio das caixas-pretas do voo Rio-Paris, que caiu no mar em 2009, matando as 228 pessoas a bordo, foi divulgada nesta segunda-feira (17) durante o processo da fabricante, Airbus, e da companhia aérea, Air France, em um tribunal de Paris – um momento extremamente forte para familiares e amigos das vítimas.

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Os quatro últimos minutos do chamado (CVR), que memoriza a voz dos pilotos e os ruídos da cabine, foram divulgados sem a presença do público ou da imprensa. O g1 não teve acesso aos áudios.

Só foram autorizados a entrar na sala de audiências do tribunal de Paris os magistrados, secretários judiciais e advogados, as partes civis e as equipes dos acusados. Todos tiveram que desligar seus telefones e colocá-los em um saco plástico para evitar qualquer divulgação externa da gravação.

Esta difusão foi solicitada pelas partes civis, segundo as quais ouvir a voz dos pilotos era "absolutamente indispensável" para a "busca da verdade".

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O advogado Alain Jakubowicz informou que até então todos tinham "em mente um cenário apavorante, ao estilo dos filmes de Hollywood", mas "não foi isso que aconteceu".

Em frente à sala do tribunal, as partes civis estavam aturdidas e emocionadas.

Ophélie Toulliou, que perdeu seu irmão, disse ter ouvido três pilotos "que enfrentaram uma situação que não compreendiam [...], pessoas que demonstraram ter um sangue frio extraordinário e que ouvimos lutar até o final".

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"A escuta do áudio do voo foi um momento extremamente forte para todas as pessoas presentes", declarou um porta-voz da Airbus. "Nós nos unimos ao sofrimento das pessoas próximas dos pilotos e das vítimas, revivido pela escuta desta gravação".

Naquela noite, a alta altitude, os pilotos do A330 foram surpreendidos pelo congelamento das sondas Pitot, que servem para medir a velocidade do avião, provocando o desligamento repentino do piloto automático. Eles não conseguiram estabilizar a aeronave.

Na manhã desta segunda-feira, o tribunal assistiu a dois vídeos da Airbus, um deles descrevendo as manobras que os pilotos deveriam ter realizado para controlar a situação. Os vídeos foram considerados pelas partes civis como dignos de um "mundo ideal" e não da "realidade".

À tarde, a defesa da fabricante, que refuta qualquer sanção penal, questionou especialistas do primeiro colegiado encarregado da instrução sobre as regras de pilotagem, a atitude da tripulação frente à condição meteorológica e o fato de o copiloto, "o menos experiente", estar no comando.

"Para os senhores, a tripulação identificou a pane?", questionou Simon Ndiaye.

Os pilotos tinham sido treinados em um procedimento para o caso em que as velocidades não fossem "coerentes entre si"; mas, desta vez, não havia dado sobre "velocidade em absoluto", explicou o especialista.

"Houve uma espécie de atordoamento, pois os elementos que eles tinham não correspondiam à imagem mental" do que haviam aprendido, descreveu.

O segundo conselho da Airbus questionou se a resistência ao efeito surpresa faz parte dos critérios de recrutamento dos pilotos.

"Entre os militares, sim, mas entre os pilotos civis, não", respondeu o especialista. Para estes últimos, "o critério fundamental é o respeito aos procedimentos".

Familiar de vítima do voo AF 447 apresenta cartaz escrito: 'Justiça francesa 13 anos atrasada' — Foto: Gonzalo Fuentes/REUTERS 2 de 2 Familiar de vítima do voo AF 447 apresenta cartaz escrito: 'Justiça francesa 13 anos atrasada' — Foto: Gonzalo Fuentes/REUTERS

Familiar de vítima do voo AF 447 apresenta cartaz escrito: 'Justiça francesa 13 anos atrasada' — Foto: Gonzalo Fuentes/REUTERS

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