Primeira-ministra britânica, no cargo há seis semanas, sofre pressão para renunciar e perde ministra do Interior
A ministra do Interior do Reino Unido, Suella Braverman, renunciou nesta quarta-feira (19). A primeira-ministra, Liz Truss, que está no poder há seis semanas, tem sofrido pressão para renunciar.
Braverman é considerada uma política linha dura do Partido Conservador. Ela foi ministra de Interior por apenas 43 dias. Sua saída do governo de Truss aprofunda a crise que teve início no mês passado com o anúncio de um pacote econômico.
Como motivo para sua demissão, a ministra do Interior alegou ter usado sua conta de e-mail pessoal para enviar um documento oficial para um colega, o que é tecnicamente um erro. Ela disse que aceita sua responsabilidade, mas também afirmou que está seriamente preocupada com as políticas do governo.
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1 de 1 Liz Truss negou que irá renunciar — Foto: Reprodução
Liz Truss negou que irá renunciar — Foto: Reprodução
Grant Shapps, ex-ministro do Transporte durante Boris Johnson e apoiador de Rishi Sunak (candidato a que perdeu para Truss) foi indicado horas depois como substituto de Braverman.
Com essa indicação, a primeira-ministra aproveita para mostrar a abertura que foi acusada de perder desde que chegou ao poder.
Uma nova controvérsia veio à tona na noite desta quarta-feira. O Parlamento votou para permitir a volta do 'fracking' (fraturamento hidráulico), uma técnica de extração de óleo e gás que é considerada arriscada.
O deputado trabalhista Chris Bryant pediu a abertura de uma investigação. Ele afirmou que presenciou cenas de votação forçada e assédio entre os parlamentares do Partido Conservador.
Diante dos rumores de que o líder e o vice-líder, os encarregados de velar pela disciplina do partido, teriam renunciado em protesto pela mudança brusca de tática do governo na votação, que no fim foi vencida por Truss, o governo publicou um comunicado desmentindo essas renúncias.
Rejeitada pela opinião pública e questionada dentro de seu próprio partido, a dirigente conservadora declarou, nesta quarta, em comparecimento no Parlamento britânico, que pretende se manter no cargo.
"Sou uma batalhadora, e não alguém que desiste" e "estou disposta a tomar decisões difíceis", insistiu, apesar do abandono humilhante de quase todas as medidas que faziam parte de seu plano econômico.
A crise começou no final de setembro, quando seu então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apresentou um pacote de medidas econômicas com cortes significativos de impostos e um colossal auxílio para as contas de energia - duas questões que suscitaram temores de um descontrole dos gastos públicos.
A libra caiu a seu nível histórico mais baixo, os rendimentos dos títulos do Estado a longo prazo dispararam e o Banco da Inglaterra precisou intervir para impedir que a situação não degenerasse em uma crise financeira.
"Por que [Truss] continua aqui?", questionou o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, nesta quarta-feira no Parlamento.
O novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, anunciou na segunda (17) uma renúncia de quase todos os cortes de impostos apresentados por seu antecessor.
Enquanto a inflação disparou em setembro, a 10,1% interanual, seu nível mais alto em 40 anos, Hunt tentou tranquilizar os britânicos dizendo que as aposentadorias serão reajustadas de acordo com a inflação.
"Este governo prioriza os mais vulneráveis, ao mesmo tempo que aporta estabilidade econômica", afirmou, ao advertir que, no entanto, será necessário conter os gastos públicos.
Apesar do caos na política, os mercados estavam mais tranquilos, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou o retorno à "disciplina orçamentária", no momento em que a recessão ronda o país.
Segundo um levantamento do YouGov, apenas um de cada dez britânicos e um a cada cinco eleitores do Partido Conservador tem opinião favorável a Truss.
A dois anos das próximas eleições parlamentares, a oposição trabalhista se sobressai frente aos conservadores nas pesquisas.
Seis deputados de seu partido já pediram publicamente que Truss deixe o cargo. Porém, com a falta de um sucessor claro, os conservadores têm reservas quanto a se lançarem em um novo e desgastante processo para indicar um líder.
"Não acredito que lançando uma nova campanha, nos livrando de outro primeiro-ministro, vamos convencer os britânicos de que pensamos neles", nem que isso vá tranquilizar os mercados, afirmou o ministro de Relações Exteriores, James Cleverly, à emissora Sky News.
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