Consignado do Auxílio Brasil tem juros mais altos que média de outras modalidades de empréstimo pessoal

Auxílio Brasil — Foto: Júlio Dutra/Ministério da Cidadania 1 de 3 Auxílio Brasil — Foto: Júlio Dutra/Ministério da Cidadania

Auxílio Brasil — Foto: Júlio Dutra/Ministério da Cidadania

O empréstimo consignado do Auxílio Brasil tem taxa de juros mais alta que a média de 💥️outras modalidades de empréstimo pessoal, segundo dados disponibilizados pelo Banco Central do Brasil.

A máxima dos juros na linha de crédito é de 3,5% ao mês, taxa maior que diversas opções de empréstimo a que o beneficiário poderia ter acesso em bancos privados e financeiras, em linhas que não travam o recebimento do Auxílio.

O 💥️g1 usou as 💥️taxas de juros médias mais recentes disponibilizadas pelo BC e comparou com 💥️a taxa do consignado do Auxílio ofertada pela Caixa para o mesmo valor de empréstimo e a mesma quantidade de parcelas. No banco público, a taxa para quem pega o consignado pela Caixa é de 💥3,45% ao mês.

Com isso, a reportagem utilizou a calculadora de financiamento do BC para calcular o 💥️valor mensal da parcela, o montante total pago e os juros que incidiram sobre a operação, para comparar não só as taxas, mas também a quantia de dinheiro que o beneficiário efetivamente pagaria a mais.

As comparações levam em conta apenas 💥️a taxa de juros nominal. Para analisar com precisão uma proposta de empréstimo, a recomendação é requisitar ao banco ou à financeira o Custo Efetivo Total daquele crédito.

O CET, como é chamado, leva em conta não só a taxa de juros, mas outras tarifas que entram no pacote, como IOF (Imposto sobre Operação Financeira), taxa de abertura de contas, entre outras.

Outro ponto é que instituições financeiras privadas fazem análise de crédito dos clientes antes de conceder os empréstimos. Para um tomador de empréstimo com histórico ruim, por exemplo, 💥️as taxas podem subir bastante.

Lembrando que os cálculos foram feitos com base na taxa de 3,45% ao mês, cobrada pela Caixa Econômica Federal. Os juros, neste caso, são maiores do que a taxa média que todos os bancos oferecem para aposentados e pensionistas do INSS, que vai de 💥️1,30% a 💥️2,18% ao mês.

Também são maiores do que as taxas médias da categoria "consignado público" (para funcionários públicos), oferecidas por 💥️37 das 40 instituições listadas pelo BC. Elas vão de 💥️1,06% a 💥️4,35%, mas só 3 são maiores que a taxa do consignado do Auxílio na Caixa.

Já na modalidade "consignado privado" (para trabalhadores com carteira assinada da iniciativa privada), a taxa da Caixa é maior do que a média de 💥️45 das 51 instituições listadas pelo BC.

Em números, quem quisesse pegar 💥️R$ 2 mil emprestados pelo consignado do Auxílio pagaria, no final de dois anos, 💥️R$ 💥️2.973,36 para a Caixa. 💥️Ou seja: R$ 973,36 só de juros.

Se as taxas fossem equivalentes à média do consignado pessoal em agosto (que leva em conta as taxas de juros de todos os consignados disponíveis no mercado) que foi de 💥️1,88% ao mês, o montante total pago seria de 💥️R$ 2.503,44 (R$ 503,44 só de juros). O adicional de juros, portanto, cairia quase pela metade.

Veja comparação entre diferentes modalidades de empréstimo — Foto: g1 2 de 3 Veja comparação entre diferentes modalidades de empréstimo — Foto: g1

Veja comparação entre diferentes modalidades de empréstimo — Foto: g1

A diferença é importante porque, segundo o professor de finanças do Insper Ricardo Rocha, a taxa do consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil deveria ser equivalente à taxa ofertada para aposentados e pensionistas.

O economista lembra que as parcelas já são descontadas do pagamento do benefício, sem um grande risco de calote, como acontece com os beneficiários do INSS. Afinal, é o risco de calote que faz uma taxa de juros ser maior ou menor.

A taxa do consignado do Auxílio, inclusive, é bem diferente da média de consignado para esse grupo oferecida pela Caixa, que é de 1,91% ao mês.

Além disso, o prazo de pagamento (máximo de 24 meses) é menor do que o prazo que se costuma praticar nestes casos. Também por isso, o economista avalia que a taxa poderia ser menor.

Rocha enxerga dois possíveis motivos para esta elevação: o “risco político” de o auxílio ser encerrado ou modificado no próximo ano e o perfil do público.

A comparação com outras modalidades de consignado serve apenas para dimensionar a diferença de tratamento entre os tipos de crédito consignado, já que elas não são modalidades acessíveis para os beneficiários do Auxílio Brasil.

Por isso, o 💥️g1 também comparou as taxas do consignado do Auxílio com o empréstimo pessoal, que pode ser uma alternativa real para quem busca crédito.

A taxa média do crédito pessoal não consignado em agosto, último mês levantado pelo BC, foi de 💥️5,28% ao mês, maior que a do consignado do Auxílio. Mas metade das instituições listadas (42 de 84) tem taxa média menor que os 3,45%.

A taxa média do empréstimo pessoal não consignado da Caixa, por exemplo, foi💥 2,30% (entre 29/09 e 5/10).

Pegando como exemplo um empréstimo de 💥️R$ 1 mil pagos em 12 meses, o cliente que optar pelo crédito pessoal pagaria 💥️R$ 1.155,72 no final do prazo.

Já com a taxa do consignado do Auxílio, esse valor subiria para 💥️R$ 1.238,16.

Mas uma observação merece ser feita: neste caso também vale entender qual o Custo Efetivo Total daquele crédito, porque 💥as taxas podem variar de acordo com a análise de crédito que a instituição financeira faz do tomador de crédito.

Veja a comparação entre diferentes taxas de juros de empréstimos pessoal e consignado. — Foto: g1 3 de 3 Veja a comparação entre diferentes taxas de juros de empréstimos pessoal e consignado. — Foto: g1

Veja a comparação entre diferentes taxas de juros de empréstimos pessoal e consignado. — Foto: g1

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De acordo com as normas estabelecidas pelo governo federal, o valor máximo do consignado está limitado a 40% do valor mensal do Auxílio Brasil. Para o cálculo, serão considerados os R$ 400, já que o valor atual de R$ 600 só vale até dezembro. Assim, o valor da parcela será, no máximo, R$ 160.

O Ministério da Cidadania estabeleceu um limite de juros de 3,5% ao mês, mas cada instituição financeira pode adotar uma taxa diferente, respeitando esse teto. No caso da Caixa, o banco estabeleceu uma taxa de 3,45% ao mês.

💥️Se o benefício for cancelado, o empréstimo não será cancelado. Ou seja, mesmo se deixar de receber o Auxílio Brasil, o beneficiário precisa se organizar para pagar todos os meses o empréstimo até o final do prazo do contrato, depositando na sua conta o valor da parcela.

No empréstimo consignado, o desconto é feito direto na fonte. Ou seja, durante o prazo contratado, a parcela é descontada diretamente do valor mensal do benefício.

A oferta de crédito consignado por meio do Auxílio Brasil tem sido criticada por especialistas e entidades. Eles alegam que a medida pode ser danosa à população, porque os recursos do programa de transferência de renda costumam ser utilizados para gastos básicos de sobrevivência.

Para o Idec, a taxa máxima de juros estabelecida pelo governo, de 3,5% ao mês, é abusiva.

“Isso porque ela é bem maior do que a praticada atualmente para outros tipos de empréstimo consignado, como os para aposentados, pensionistas e servidores públicos”, disse a entidade.

Na avaliação da Caixa Econômica, porém, o crédito pode ser uma oportunidade para os beneficiários do Auxílio Brasil quitarem empréstimos com juros mais altos, como o cartão de crédito.

"Clientes que possuem empréstimos com taxas de juros elevadas podem verificar se o consignado tem taxas mais acessíveis e utilizar o valor para liquidação de dívidas mais caras", argumenta o banco.

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