A misteriosa retirada de ex-presidente da China de reunião do Partido Comunista
Imagens mostrando Hu Jintao, ex-presidente da China, sendo retirado do palco no Grande Salão do Povo em Pequim durante o Congresso do Partido Comunista chamaram a atenção do mundo enquanto as pessoas tentam descobrir o que aconteceu.
O Congresso deve manter no poder o atual presidente, Xi Jinping, mandatário do país desde 2013.
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Há muitas perguntas e nenhuma resposta até agora do governo chinês. Hu Jintao, de 79 anos, parecia relutante em deixar o local. Se for esse o caso, por que isso aconteceu?
O que ele disse ao homem que o substituiu, Xi Jinping, o que provocou um aceno do atual líder da China? E o que ele disse ao seu protegido, Li Keqiang, enquanto lhe dava um tapinha no ombro antes de ser levado para fora do palco?
As duas razões mais prováveis para sua saída são parte da política da China em plena exibição: um líder que representa o passado sendo simbolicamente removido. Outra opção seria problemas de saúde de Hu Jintao.
A retirada do ex-líder aconteceu no final do congresso de uma semana do Partido Comunista, que consolidou a posição de Xi como o líder mais poderoso da China desde Mao Tsé-Tung.
No primeiro dia do congresso, Hu só pôde entrar com a ajuda de um funcionário. Naquele dia, ele parecia muito frágil.
No entanto, se ele foi retirado no final por causa de problemas de saúde, por que isso aconteceu tão repentinamente? Por que na frente das câmeras? Foi uma emergência médica?
Uma edição mais longa do vídeo, feita neste sábado, mostra Xi Jinping se voltando para o ex-presidente do partido.
À esquerda de Hu estão figuras importantes, como Li Zhanshu e Wang Huning, e eles parecem preocupados. Li até se moveu para ajudar o ex-mandatário, mas foi puxado para trás por Wang, como se esse lhe dissesse: "Não se envolva nisso".
1 de 2 O ex-presidente chinês Hu Jintao é retirado de seu lugar ao lado do atual líder Xi Jinping e do primeiro-ministro Li Keqiang, durante a cerimônia de encerramento do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, no Grande Salão do Povo de Pequim, em 22 de outubro de 2022 — Foto: REUTERS/Tingshu WangO ex-presidente chinês Hu Jintao é retirado de seu lugar ao lado do atual líder Xi Jinping e do primeiro-ministro Li Keqiang, durante a cerimônia de encerramento do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, no Grande Salão do Povo de Pequim, em 22 de outubro de 2022 — Foto: REUTERS/Tingshu Wang
Depois que Hu Jintao se levantou, ele também estendeu a mão para pegar as anotações de Xi por engano. Nesta fase, ele parecia confuso. O líder da China afastou a mão de Hu e pegou as notas de volta.
As reuniões do Partido Comunista normalmente são eventos altamente roteirizados, levando à especulação de que o momento da partida de Hu Jintao pode não ter sido um acidente.
Ele participou da sessão anterior a portas fechadas no último dia do Congresso, depois as câmeras foram autorizadas a entrar na parte final do dia. Foi logo depois que as câmeras foram instaladas que as autoridades abordaram Hu e indicaram que ele deveria ir.
Dito isto, o partido normalmente não lava a roupa suja em público. Se este fosse um momento planejado, marcaria um afastamento do comportamento usual.
O que está impulsionando a cena é que Hu Jintao representa um modelo muito diferente para a China daquele defendido pelo atual presidente, Xi Jinping.
Ele liderou um governo muito mais coletivo e teve que equilibrar várias facções representadas no Comitê Permanente do Politburo.
Os anos de Hu - que ocupou a presidência entre 2003 e 2013 - foram vistos como um período de abertura ao mundo exterior e de maior tolerância a novas ideias.
Os Jogos Olímpicos de Pequim 2008 foram um pico de exposição internacional para a China.
Empresas estrangeiras se instalaram no país, os turistas afluíam, a internet era mais gratuita, os meios de comunicação locais começaram a fazer jornalismo decente e a reputação global da China estava melhorando.
Enquanto alguns se referem ao período Hu como "perdido", o crescimento econômico figurou consistentemente em taxas de dois dígitos e Pequim se preocupava com sua reputação em outros lugares.
Já Xi Jinping levou o país a uma direção muito diferente, com ele como figura central e incapaz de ser desafiado.
2 de 2 Xi Jinping na abertura do Congresso do Partido Comunista Chinês — Foto: Thomas Peter/ReutersXi Jinping na abertura do Congresso do Partido Comunista Chinês — Foto: Thomas Peter/Reuters
O atual governo encorajou uma explosão do sentimento nacionalista, mostrando pouca preocupação com o que os outros pensam sobre como lidar com qualquer questão. Em vez disso, a mensagem para outros líderes foi que a hora da China chegou e não há muito o que fazer em relação a isso.
A mensagem para o povo chinês pode ser vista em reformas na constituição do Partido, referindo-se às conquistas alcançadas através da "luta". Isso tem ecos do tempo de Mao no cargo.
Como secretário-geral, desde o início, Xi eliminou todos os oponentes por meio de uma repressão anticorrupção.
Agora ele usou o Congresso deste ano para tirar espaço daqueles que pensam que a China pode ter caminhos diferentes nas áreas econômica, social e política
Uma das últimas coisas que Hu viu neste Congresso foi a composição do novo Comitê Central de 205 pessoas. O grupo não inclui Li Keqiang ou Wang Yang, ambos vistos como liberais econômicos e ligados às ideias do antigo governo.
Isso aponta para um novo Comitê Permanente do Politburo, repleto de partidários de Xi, garantindo a continuidade de uma trajetória muito diferente da reforma e abertura da era de Hu Jintao.
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