Grupo Tortura Nunca Mais pede que Ouvidoria da Polícia acompanhe investigação sobre morte durante agenda de Tarcísio em Paraisóp

Movimentação em Paraisópolis durante agenda de Tarcísio — Foto: Reprodução 1 de 1 Movimentação em Paraisópolis durante agenda de Tarcísio — Foto: Reprodução

Movimentação em Paraisópolis durante agenda de Tarcísio — Foto: Reprodução

O Grupo Tortura Nunca Mais pediu nesta quarta-feira (26) para a Ouvidoria de Polícia acompanhar as investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) sobre a suposta morte em decorrência de intervenção policial durante agenda do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo, no último dia 17.

Em ofício enviado ao ouvidor Elizeu Soares Lopes, diz que o tiroteio, que chegou a ser tratado como intimidação e até atentado, tem indícios de ser uma "execução".

"As informações divulgadas pela própria Polícia Civil, na imprensa, foram que 'nenhuma arma de fogo foi encontrada com o rapaz baleado e morto pelos policiais que faziam a escolta do candidato no local'. As imagens dos 2 suspeitos de participação no suposto confronto (um morto no local e o outro não encontrado), divulgadas pela polícia, como 2 jovens que estavam numa moto, não evidenciam que estivessem armados", diz o ofício assinado pelo presidente do grupo, Ariel de Castro Alves.

"São fortes os indícios de que houve uma execução de Felipe Silva de Lima, 27 anos, o rapaz baleado, e não um confronto, ou qualquer tipo de resistência seguida de morte. Existem outras informações conflitantes divulgadas por membros da polícia, de que teriam sido identificados 8 homens suspeitos e armados nas proximidades do local dos fatos, sendo que dois deles estariam portando fuzis, mas nenhuma comprovação disso veio a público até agora", completa o texto.

Além de encaminhar o documento à ouvidoria, o Grupo pediu ao Ministério Público que faça o acompanhamento externo das atividades policiais e à própria Secretaria da Segurança Pública.

O tiroteio durante a agenda é investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Em entrevista coletiva na semana passada, a delegada Elisabete Sato, afirmou que a presença de motociclistas suspeitos armados no entorno do prédio onde estava o candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) gerou o tiroteio na comunidade de Paraisópolis.

Sato afirmou que quatro policiais à paisana que trabalhavam na segurança do candidato perceberam a movimentação e se sentiram acuados, na medida em que outros motociclistas também começaram a rondar o prédio.

A troca de armas entre os suspeitos foi observada pelos seguranças que estavam na rua onde acontecia o evento do candidato.

Segundo a diretora do DHPP, dos quatro policiais à paisana que trabalhavam na segurança naquele dia, dois estavam dentro do prédio onde acontecia o evento e dois estavam na rua, observando a movimentação do entorno.

Esses policiais do lado de fora alertaram os dois internamente sobre a presença dos suspeitos, e logo a dupla também desceu do prédio para dar apoio e verificar a situação. A dupla percebeu que os indivíduos da moto estavam armados e iniciou-se o tiroteio.

O pedido de um membro da campanha de Tarcísio para um cinegrafista da Jovem Pan apagar um registro em vídeo feito do tiroteio que interrompeu a agenda do candidato e deixou um morto, em Paraisópolis, acirrou a reta final da campanha ao governo de São Paulo.

O áudio da conversa foi divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo, em reportagem publicada nesta terça-feira (25).

Na gravação, o integrante da campanha de Tarcísio pergunta se o cinegrafista filmou os policiais atirando. Ele responde que não fez imagens da troca de tiros, mas registrou "a PM atirando contra os caras".

Na sequência, o membro da campanha pergunta se ele teria filmado as pessoas que estavam no local onde ocorreu a agenda e afirma: "Você tem que apagar".

A polícia vai requisitar essas imagens, mas já identificou que o tiro que matou um homem em Paraisópolis foi disparado por um soldado do serviço reservado da PM. Ele reforçava o policiamento da região por causa da visita de Tarcísio à comunidade.

Após a repercussão da reportagem, a campanha de Tarcísio afirmou, em nota, que o cinegrafista e os demais jornalistas que acompanhavam a agenda foram colocados na van da equipe para protegê-los dos tiros, e que foi "pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido".

Durante agenda de campanha em Osasco, na tarde desta terça (25), Tarcísio não negou que o pedido para apagar o registro tenha acontecido, mas acusou a imprensa de fazer "sensacionalismo".

"(...) O interesse é fazer sensacionalismo e dar uma causada, sem ter o cuidado de perceber que tem pessoas que acabaram de trocar tiros com criminosos que tem que ter as suas identidades reveladas. E talvez a pessoa que tenha pedido para apagar tenha tido esse cuidado. Mas sempre é aquela ideia de trazer alguma coisa negativa, querer ter causado de uma forma irresponsável", disse Tarcísio.

Oponente na disputa, o candidato Fernando Haddad (PT), passou a utilizar a reportagem da Folha na campanha e questionar o que Tarcísio "tem a esconder".

Na manhã desta quarta (26), Haddad voltou a comentar o assunto nas redes sociais.

"A ordem da equipe do Tarcísio a um cinegrafista para que apagasse imagens do tiroteio em Paraisópolis pode configurar a prática de 5 crimes: obstrução à Justiça, favorecimento pessoal, supressão de documento, fraude processual e coação no curso do processo."

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