Carla Zambelli vota com colete à prova de balas na Zona Norte de SP um dia após apontar arma para homem
Um dia após apontar a arma para um homem nos Jardins, área nobre de São Paulo, a deputada federal Carla Zambelli (PL) votou com um colete à prova de balas em um colégio na Zona Norte da cidade.
Ela se recusou a responder se tinha ido votar armada, já que no sábado afirmou que o faria. "Não vou responder isso”, disse.
Três viaturas da Policia Militar estavam na colégio. A segurança foi reforçada meia hora antes de a deputada chegar.
O policial militar de folga e sem uniforme, amigo de Zambelli, que atirou quando estava numa rua movimentada de um bairro nobre aparece em vídeos que circulam nas redes sociais segurando a arma e perseguindo o homem negro foi solto após pagar fiança. Valdecir Silva de Lima Dias, que é agente da Polícia Militar (PM), também é mostrado nas imagens tentando chutar o jornalista Luan Araújo.
O caso ocorreu na tarde deste sábado (29), na região dos Jardins, Centro da capital paulista, após discussão por divergência política. Segundo relatos dos envolvidos, foram feitas provocações mútuas de quem vencerá o pleito neste segundo turno das eleições para o governo de São Paulo e para presidência do Brasil.
Valdecir e Carla são apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. Luan é eleitor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que também concorre ao cargo. No estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem Fernando Haddad (PT) na corrida para assumir o Palácio dos Bandeirantes.
Valdecir chegou a ser preso em flagrante e indiciado pela Polícia Civil por disparo de arma de fogo em via pública. Ele pagou cerca de um salário mínimo, aproximadamente R$ 1.200, para responder ao crime em liberdade. O valor foi arbitrado pelo 78º Distrito Policial, dos Jardins. O revólver Rossi calibre 38 que o PM usava foi apreendido.
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Num dos vídeos ainda é possível ouvir o barulho de um tiro durante a confusão. Ninguém se feriu com o disparo. De acordo com Valdecir, sua arma disparou acidentalmente quando ele caiu ao se desequilibrar quando corria atrás de Luan.
O jornalista estava passeando e não trabalhava naquela ocasião. O Grupo Prerrogativas, coletivo formado por juristas em defesa dos direitos humanos, informou, no entanto, que registrou boletim de ocorrência na delegacia contra Carla e Valdecir por racismo, agressão, e porte ilegal de armas na véspera da eleição.
Nas imagens gravadas por testemunhas e que viralizaram na internet também é possível ver Carla perseguindo Alan. A deputada aparece com os braços esticados apontando sua arma, uma pistola Taurus 9 mm, na direção do jornalista, que se esconde dentro de um bar para tentar se proteger.
Carla, Valdecir e Alan também poderão ser investigados pelas autoridades pela suspeita de terem cometido crimes de ameaça, injúria e lesão corporal durante confusão entre eles.
A Taurus que Carla usou chegou a ser apreendida inicialmente pelo DP. Mas como ela comprovou ter o porte da pistola, a arma foi devolvida à ela. Segundo policiais ouvidos pela reportagem, o fato de a deputada ter foro privilegiado não permite que a Polícia Civil investigue a parlamentar.
Existe a possibilidade de que os documentos da investigação envolvendo Carla sejam entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF). Se o órgão entender que as suspeitas contra a deputada precisam ser apuradas, poderia determinar que a Polícia Federal (PF) investigue ela.
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A parlamentar contou que estava com o filho e Valdecir almoçando no restaurante Kiichi, na Alameda Lorena, nos Jardins, quando, segundo ela, foi hostilizada, xingada com palavrões e agredida por um grupo de apoiadores de Lula quando deixava o estabelecimento. No mesmo horário simpatizantes dele estavam reunidos na Avenida Paulista, que fica próximo do local, para acompanhar a agenda do candidato petista.
A deputada bolsonarista ainda disse à imprensa que sacou a arma para se defender depois de um grupo de ao menos seis simpatizantes de Lula a empurrarem e um deles fazer menção de que estaria armado. Ela mostrou em sua redes sociais um machucado no seu joelho.
Ao dar sua versão sobre o que ocorreu, Carla disse que "usaram um negro" para ir em cima dela. A deputada negou, porém, que tenha sido racista com Luan. "Não tem nada de racismo nisso. O que teve foi uma violência contra a mulher."
Um vídeo gravado por pessoas que presenciaram o episódio, entretanto, mostra que, momentos antes de apontar a arma, a deputada havia tropeçado e caído no chão quando tentava perseguir o homem.
Em um dos vídeos, filmado pelo jornalista Vinícius Costa, que estava com amigos no bar onde a deputada entrou com a arma em punho, é possível ouvi-la gritar para Luan: "Deita no chão".
Um relatório produzido pelo setor de inteligência e combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta que a conduta da deputada federal pode configurar crime eleitoral.
O relatório foi feito a pedido de um juiz auxiliar da presidência do TSE, a partir dos vídeos divulgados em redes sociais por testemunhas do caso e pela própria deputada.
1 de 1 Arte mostra a sequência dos fatos no caso da Zambelli — Foto: Arte/g1Arte mostra a sequência dos fatos no caso da Zambelli — Foto: Arte/g1
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