Central do Maranhão, a mais 'Lulista do país' em 2006, deu 90,56% dos votos a Lula no 2º turno das eleições

Central do Maranhão — Foto: Rafael Cardoso 1 de 3 Central do Maranhão — Foto: Rafael Cardoso

Central do Maranhão — Foto: Rafael Cardoso

Cidade mais lulista do país em 2006, Central do Maranhão novamente deu uma expressiva votação ao ex-presidente Lula no 2º turno das eleições em 2022, só que com uma ligeira redução.

Ao todo, foram 90,56% dos votos, enquanto Jair Bolsonaro (PL) teve votos de apenas 9,44% dos eleitores.

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Mesmo já sendo uma porcentagem alta, Lula recebeu menos votos do que em 2006. Na época, 97,20% dos eleitores votaram para o petista naquele 2º turno das eleições.

Este ano, a cidade também não é a que deu mais votos a Lula no Maranhão. Central foi superada por outras cidades, como Belágua e Serrano do Maranhão , que garantiu 91,87% dos votos ao petista.

g1.com.br/eleicoes💥️Saiba mais: Veja a votação de Lula e Bolsonaro em cada região do MA no 2º turno

Com pouco mais de 8.800 habitantes, Central do Maranhão ganhou projeção nacional por ter sido o município que, proporcionalmente, mais votou em Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2006.

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Moradores contam que os motivos que levam a esse apreço pelo petista passam por uma identificação com o passado dele como sindicalista, mas, especialmente, por conta do Bolsa Família.

Mesmo com a mudança do nome do programa para Auxílio Brasil, a população ainda associa a imagem de Lula ao Bolsa Família. Nem mesmo o aumento do auxílio para R$ 600 no governo Bolsonaro convenceu a população a mudar o voto.

Para Valter Costa, 80 anos, Bolsa Família garantiu votos para Lula — Foto: Rafael Cardoso/g1 MA 2 de 3 Para Valter Costa, 80 anos, Bolsa Família garantiu votos para Lula — Foto: Rafael Cardoso/g1 MA

Para Valter Costa, 80 anos, Bolsa Família garantiu votos para Lula — Foto: Rafael Cardoso/g1 MA

Apesar da rejeição de parte da população, também há quem defenda Bolsonaro com convicção. Em sua maioria, são jovens que eram crianças no período em que Lula era presidente, pessoas mais conservadoras ou que não gostam do PT em razão das acusações de corrupção.

Um deles é Nathan Marques, técnico em radiologia, que atribui à falta de informação a admiração que os moradores centralenses têm pelo líder do PT.

Crítico ao PT, o técnico em radiologia Nathan Marques é eleitor de Bolsonaro — Foto: Rafael Cardoso/g1 MA 3 de 3 Crítico ao PT, o técnico em radiologia Nathan Marques é eleitor de Bolsonaro — Foto: Rafael Cardoso/g1 MA

Crítico ao PT, o técnico em radiologia Nathan Marques é eleitor de Bolsonaro — Foto: Rafael Cardoso/g1 MA

A população de Central do Maranhão descende do povo negro que vivia em quilombos nos séculos passados que sobreviveram ao período escravocrata no Brasil. Fica ali o Quilombo Monte Cristo, certificado pela Fundação Cultural Palmares, órgão responsável pela titulação de territórios quilombolas.

A instalação da Usina Joaquim Antonio, uma das maiores do Maranhão, atraiu trabalhadores de outras regiões e moldou o traçado do então chamado Povoado Central, que viu a sua população aumentar significativamente em meados do século XIX.

O engenho de açúcar operou até meados do século XX, quando entrou em falência. Devido a isso, a geração de renda pela população passou a depender da lavoura e do comércio na Feira de Central, que nasceu devido ao grande fluxo de pessoas que passavam no povoado e ao recebimento do salário dos trabalhadores da usina, que ocorria no fim de semana.

Atualmente, a cidade concentra muitos moradores aposentados pelo trabalho no campo, além de comerciantes, que tiram sua renda da Feira de Central, principal atrativo de público da cidade, aos domingos.

No último ranking do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) disponível, com base no Censo de 2010, Central do Maranhão aparece no 240º lugar no país, com 0.585, considerado baixo.

O indicador leva em conta três dimensões (longevidade, renda e educação) e varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. O IDHM é uma versão local do IDH, o índice social usado pela ONU para avaliar o grau de desenvolvimento humano em países.

Para chegar à cidade, saindo da capital São Luís, é preciso rodar 109 km entre rodovias e fazer a travessia da baía de São Marcos por balsa ou ferryboat. Na alternativa por terra, é necessário trafegar por 406 km de estrada, contornando toda a baía.

A rodovia que dá acesso à cidade é a MA-211, que está em obras desde 2016 por conta do projeto da ponte Central-Bequimão, que promete encurtar a rota entre os municípios.

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