Em Piraporinha, bairro mais lulista de SP, moradores festejam vitória nas ruas; no mais bolsonarista, o Tatuapé, vizinhos não es
Apuração das urnas de uma escola do bairro. — Foto: Deslange Paiva/ g1
No domingo (30), com 100% das urnas totalizadas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil com mais de 60 milhões de votos. Foram 50,90% dos votos, contra 49,10% do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
Lula (PT) foi escolhido presidente do Brasil com 2,1 milhões de votos a mais do que Bolsonaro. Na capital paulista, ele venceu e contou com 53,54% do eleitorado contra 46,46% que optou por Bolsonaro. Ao todo, o petista conquistou 35 zonas eleitorais da cidade, e Bolsonaro, 23.
Entre todas essas áreas, Lula teve a maioria dos votos nas regiões mais extremas e periféricas. No bairro de Piraporinha, na Zona Sul, petista teve o maior percentual de votos, 66,56%.
Já Bolsonaro conseguiu mais votos no Tatuapé, com 59,06% dos votos, e 59,04% na Vila Formosa, ambos bairros da Zona Leste da cidade já mais próximos ao Centro, seguidos por Santana, na Zona Norte, com 59,02%.
2 de 5 Faixa contra Bolsonaro no bairro do Piraporinha. — Foto: Deslange Paiva/ g1
Faixa contra Bolsonaro no bairro do Piraporinha. — Foto: Deslange Paiva/ g1
Piraporinha está em festa pela volta do "homem do povo". A reportagem esteve no local nesta segunda-feira (31) e a primeira cena que encontrou foi um grupo de cinco senhores jogando dominó em um bar, entre eles, apenas um bolsonarista. O grupo conversava de política tranquilamente, se disseram contentes com os resultados das urnas e brincaram que o amigo bolsonarista precisava "mudar de bairro".
Na noite anterior, os moradores entraram em festa. "A apuração foi muito tensa, as pessoas já estavam estourando fogos, mas eu não queria ir para a rua antes de ter certeza. Ficava mudando de canal toda hora esperando pela confirmação, aí começaram a estourar fogos e confirmaram. Saí correndo para a rua, gritando, todo mundo parou, a rua ficou lotada", afirma Ivanete Costa, de 56 anos.
Ivanete, ou "Coleguinha", como é chamada no bairro, não está "se aguentando de tanta felicidade". A moradora de Piraporinha está pensando em ir para a posse do presidente eleito, em 1º de janeiro. Ela é voluntária em uma escola do bairro e até levou para casa, como recordação, os boletins de urnas que ficaram expostos num colégio eleitoral da região.
“A gente está confiante que vai dar a voltar por cima e ele vai fazer muito mais para nós, porque ele é do povo. Ele falou que não vai governar só para uma pessoa, vai governar para todos. Eu sou da comunidade e por isso estou feliz, a gente precisava da volta do 'pai'. A gente só quer paz, amor e respeito. O meu irmão é [eleitor de] Bolsonaro e, ainda assim, nunca tratei ele mal ou com falta de respeito."
3 de 5 Ivanilde com a toalha do Lula — Foto: Arquivo pessoalIvanilde com a toalha do Lula — Foto: Arquivo pessoal
No bairro, a música "Tá na hora do Jair já ir embora", de Juliano Maderada e Tiago Doidão, que chegou ao primeiro lugar da parada diária de músicas mais tocadas do Spotify no Brasil na manhã desta segunda, já até virou uma espécie de hino.
Para Maildes Pereira de Andrade, o terceiro mandato do presidente eleito também irá trazer melhorias para as regiões mais vulneráveis do Brasil. "O atual presidente só olha para os Jardins, ele não pensa na comunidade. Quem precisa mais de um bom presidente é a comunidade. Os ricos precisam de um bom governante, claro que precisam, mas os mais pobres também."
No bairro do Tatuapé, na Zona Leste, onde Bolsonaro conseguiu mais votos (59,06%) na capital paulista, política também está sendo o assunto de conversas entre os moradores.
4 de 5 Comércio na região do Tatuapé, em que Bolsonaro obteve o maior número de votos na capital paulista — Foto: Deslange Paiva/g1Comércio na região do Tatuapé, em que Bolsonaro obteve o maior número de votos na capital paulista — Foto: Deslange Paiva/g1
O 💥️g1 esteve no bairro e tentou conversar com eleitores do então presidente. Nem todos quiseram comentar, mas afirmaram estar decepcionados com o resultado.
Um eleitor que preferiu não ser identificado afirmou que, apesar de não ter ficado feliz com a derrota de Bolsonaro, espera que Lula faça um bom mandato.
“As pessoas estão bravas porque a gente sabe da história do Lula, do PT, do mensalão, do petrolão. Eu sou empresário, votei no Bolsonaro e acreditei que ele pudesse ganhar, mas não ganhou, então bola para frente. O que não pode acontecer é a vida de um pai de família ser atrapalhada por causa disso [bloqueios nas estradas]. Então o que eu espero do Lula é que ele faça um bom governo para o Brasil.”
Ele afirmou não concordar com as interdições que estão sendo feitas por bolsonaristas em estradas do Brasil. E disse que, para ele, política se tornou "igual futebol".
5 de 5 Ruas do Tatuapé, bairro da Zona Leste da capital paulista — Foto: Deslange Paiva/g1Ruas do Tatuapé, bairro da Zona Leste da capital paulista — Foto: Deslange Paiva/g1
“Quando a pessoa for perguntar qual o meu ‘time’ [partido], vai ter que me falar o dela primeiro, para evitar briga”, define.
Também moradora do bairro, Maria, de 53 anos, contou que mudou de ideia entre o primeiro e o segundo turnos. Antes, votou em Bolsonaro, mas, com o decorrer da campanha eleitoral, não concordou com as atitudes do presidente e optou por Lula no último domingo.
“Se ele tivesse sido um bom presidente, teria ganhado. Mas não ganhou, infelizmente não ganhou. Se ele fosse um bom presidente, não perdia para o Lula. Por que dizem que o Lula aprontou, né? Na pandemia, ele [Bolsonaro] foi muito cruel com as pessoas também, chamando de gripezinha, me decepcionei muito com as coisas que ele falou das mulheres também. Agora é pensar positivo e deixar nas mãos de Deus", afirmou.
E completou: "Eu vi o discurso do Lula na [Avenida] Paulista, achei muito forte, ele passou por muita coisa, ele falando que quase foi enterrado vivo foi muito forte. Ele tem 77 anos já, é um senhor e fizeram muita sacanagem com ele. No debate [da TV Globo], Bolsonaro humilhava Lula demais, e não precisava disso. Em Aparecida também, me decepcionei porque achei desrespeitoso com a religião. Cada um tem a sua, mas tem que existir respeito”.
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