'A gente se sentiu intimidado a todo momento': os impactos causados pelos bloqueios bolsonaristas nas rodovias
Apesar da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (1°) diversas rodovias pelo Brasil inteiro seguem interditadas.
As manifestações organizadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que se declaram contra o resultado das eleições acontecem desde esta segunda-feira quando caminhoneiros bolsonaristas ocuparam diversos trechos de rodovias pelo Brasil todo.
O ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as polícias militares dos estados desbloqueiem as vias públicas ocupadas de forma irregular, porém, enquanto a ordem não é cumprida, diversas pessoas estão encontrando dificuldade para cumprir suas necessidades.
1 de 6 Jornalista Janniter de Cordes dentro do carro durante bloqueio na BR-101 em Tubarão — Foto: Janniter de Cordes/Arquivo pessoal
Jornalista Janniter de Cordes dentro do carro durante bloqueio na BR-101 em Tubarão — Foto: Janniter de Cordes/Arquivo pessoal
Desde 1h17 desta segunda-feira (31), o jornalista Janniter De Cordes está preso no bloqueio da BR-101 em Tubarão, no Sul catarinense. Para se alimentar e ir ao banheiro, ele tem contado com um posto de combustíveis próximo. E relata a apreensão dos motoristas que estão parados: "tem família com criança no carro"
Janniter trabalha em uma rádio em Criciúma, no Sul catarinense. Ele estava em Florianópolis no domingo para a cobertura das eleições. Às 21h30, deixou a capital rumo a Criciúma, mas encontrou obstáculos na BR-101.
"O primeiro bloqueio que peguei foi em Palhoça [Grande Florianópolis]. Fiquei uns 40 minutos, mas consegui fazer o desvio. O segundo bloqueio foi em Imbituba [no Sul]. Fiquei uns 50 minutos, mas também consegui fazer desvio. Em Tubarão, parei às 1h17 e não saí mais", relata.
"Tive que dormir aqui no carro nessa noite. Já foi um pouquinho mais complicado porque estava frio. Aí estava chovendo, choveu a noite toda, muito frio", comenta.
2 de 6 Osmar Alceu Wichocki era diretor administrativo e financeiro da Asmat. — Foto: Reprodução
Osmar Alceu Wichocki era diretor administrativo e financeiro da Asmat. — Foto: Reprodução
O empresário Osmar Alceu Wichocki, de 56 anos, morreu em um acidente na BR-364, em Cuiabá, em um trecho conhecido como Trevo do Lagarto, na noite de segunda-feira (31), onde acontece manifestação de eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), contrários ao resultados das eleições. Os atos, que se espalharam pelo estado e pelo país tiveram início na noite de domingo (30).
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, chovia quando ele bateu o caminhão que dirigia na traseira de uma carreta que estava parada na manifestação. Ele ficou preso nas ferragens, não resistiu aos ferrimentos e morreu no local. O outro motorista não se feriu.
3 de 6 Passageiros decidiram deixar ônibus e andar a pé — Foto: Gustavo Honório/ g1
Passageiros decidiram deixar ônibus e andar a pé — Foto: Gustavo Honório/ g1
Um grupo de sete passageiros, presos em uma rodovia federal entre Paraná e Santa Catarina, decidiu deixar o veículo e percorrer cerca de 13 km a pé até a cidade mais próxima, Garuva, no Norte catarinense, nesta segunda-feira.
O ônibus deles saiu de São Paulo por volta das 00h e tinha previsão de chegar em Florianópolis às 10h30 desta segunda. Por volta das 8h, o grupo viu a primeira barreira na BR-376, que fica na localidade de Pedra Branca do Araraquara, divisa entre os dois estados, onde ficou parado por aproximadamente cinco horas.
4 de 6 Ônibus bateu em caminhão que estava em protesto de bolsonaristas em Araguaína — Foto: Divulgação/PRF
Ônibus bateu em caminhão que estava em protesto de bolsonaristas em Araguaína — Foto: Divulgação/PRF
Nove pessoas que estavam em um ônibus ficaram feridas na manhã desta terça-feira (1º) em Araguaína, na região norte do Tocantins. O veículo de passageiros bateu na traseira de um caminhão na BR-153, onde havia um protesto de bolsonaristas que não concordam com com a derrota de Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições.
O acidente foi com um ônibus que faz linha entre Palmas e Araguaína. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a batida aconteceu por volta de 5h na altura do km 152. Imagens feitas no local monstram que toda a cabine do ônibus ficou totalmente destruída após o impacto.
A PRF informou que nove pessoas ficaram feridas, sendo que algumas ficaram presas às ferragens e precisaram ser desencarceradas. O Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foram ao local e socorreram as vítimas.
Alunos e professores do curso de geologia, da UFRJ, denunciam que tiveram o ônibus barrado em um bloqueio de manifestantes bolsonaristas na cidade de Barra Mansa, nesta segunda-feira (31).
Eles seguiam para um trabalho de campo na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, e chegaram a ter esperança de passar no bloqueio, quando os manifestantes liberaram ônibus e carros de passeio. No entanto, ao verem o símbolo da Universidade Federal do Rio de Janeiro no veículo e constatarem que ele carregava estudantes, impediram a passagem e começaram a hostilizar seus ocupantes. Imagens da situação foram postadas nas redes sociais 💥️(veja no vídeo acima).
5 de 6 Estudante conta que está a quase 24 horas em bloqueio em Joinville — Foto: Arquivo Pessoal/ Divulgação
Estudante conta que está a quase 24 horas em bloqueio em Joinville — Foto: Arquivo Pessoal/ Divulgação
Uma estudante de 19 anos relatou que ficou pelo menos quase 24 horas parada em um bloqueio na BR-101 em Joinville, no Norte catarinense, nesta segunda-feira (31). Ana Paula Bergamo Yokoyama, que viaja para Porto Alegre (RS), conta que idosos e recém-nascidos também estão no ônibus. "A situação está deplorável", afirmou.
A jovem saiu de Curitiba (PR), por volta das 21h de domingo (30), em direção à capital gaúcha. Por causa das barreiras, no entanto, o veículo parou em Joinville, onde está com outros ônibus no estacionamento de um restaurante, às margens da rodovia.
"A água do nosso ônibus já acabou, a situação do nosso ônibus está deplorável. O banheiro já está sem papel. Tem gente com recém-nascido, está bem complicada a situação. Tem idosos no ônibus, muitas pessoas de grupo de risco", destacou a jovem.
No momento desta publicação, o g1 ainda não confirmou se essas pessoas seguem paralisadas no mesmo local.
6 de 6 Piauí pode ficar sem gás de cozinha com fechamento de rodovias, alerta Sindicato dos Transportes de Carga — Foto: Lucas Marreiros/g1
Piauí pode ficar sem gás de cozinha com fechamento de rodovias, alerta Sindicato dos Transportes de Carga — Foto: Lucas Marreiros/g1
Humberto Lopes, presidente do Sindicato dos Transportadores de Cargas e Logística do Piauí (Sindicapi), declarou nesta terça-feira (1º) que o Piauí pode sofrer desabastecimento de gás de cozinha devido ao fechamento de rodovias.
Em Teresina, um dos pontos de bloqueio é a BR-316, na altura da Ponte da Tabuleta, Zona Sul da capital. Somente no estado, a estimativa do sindicato é de que mais de 200 veículos estejam parados em diferentes pontos.
Devido aos bloqueios nas rodovias do Espírito Santo e no país em decorrência do resultado das urnas após a derrota de Jair Bolsonaro (PL), 18 viagens de ônibus que sairiam da Rodoviária de Vitória foram canceladas nesta segunda-feira (31). A rodoviária atende viangens intermunicipais e interestaduais.
A Ceturb-ES, responsável pela rodoviária, informou, inclusive, que alguns ônibus partiram da rodoviária por volta das 15h, com destino ao Norte e Noroeste do estado, e ficaram parados na Serra, na Grande Vitória.
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