Médico relata que bloqueio de bolsonaristas fez ambulância andar na contramão e atrasou transferência de bebê para UTI

Lucas realizou 5 atendimentos na noite de ontem. — Foto: Arquivo pessoal 1 de 1 Lucas realizou 5 atendimentos na noite de ontem. — Foto: Arquivo pessoal

Lucas realizou 5 atendimentos na noite de ontem. — Foto: Arquivo pessoal

O médico socorrista Lucas dos Santos Gandolfi, de 31 anos, relatou ao 💥️g1 que a ambulância em que trabalhou na segunda-feira (21) teve de circular na contramão por cerca de 5 km com uma paciente que tinha acabado de dar à luz e seu bebê recém-nascido por conta dos bloqueios feitos por bolsonaristas em rodovias que ligam a cidade de São Paulo ao interior do estado.

Os pacientes estavam em um hospital de baixa complexidade em Itapevi, na Grande São Paulo, mas, como o bebê precisava dos cuidados de uma UTI neonatal, eles precisavam ser transferidos. A vaga foi obtida em um hospital na região da Mooca, na Zona Leste da capital.

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Normalmente, o trajeto levaria cerca de 40 minutos com a ambulância circulando em "código vermelho", com sirene aberta.

Segundo o médico, a paciente e o recém-nascido estão bem. Na mesma noite, ele também precisou atender um outro bebê, de 27 dias, que estava sofrendo um choque séptico. "Ele teve que ser levado de Itapevi para Osasco e estava em estado grave", afirmou.

Lucas trabalha como médico de estratégia de Saúde da Família, atenção primária e com remoção e atendimento para os casos de urgência, emergência e ambulância.

"Ontem eu estava trabalhando numa ambulância que estava fazendo remoção, tanto adulta quanto pediátrica, e aí a gente percorre todas as cidades da Grande São Paulo, inclusive a capital. Então o que estava acontecendo ontem foi que houve bloqueio em dois pontos da Marginal Tietê, houve bloqueio na Rodovia Castello Branco em 34 pontos. Bloqueio também na Raposo Tavares. Então, assim, teve vários pontos de bloqueio em que a gente ficou preso no engarrafamento. O motorista tinha que voltar na contramão às vezes, ou entrar em áreas de risco para passar com o paciente", afirmou.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, reforçou nesta terça-feira (1º) que as polícias militares dos estados podem desobstruir, inclusive, as estradas federais bloqueadas no país e identificar, multar e prender os responsáveis pelos bloqueios.

Segundo balanço divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), há bloqueios em 227 rodovias federais. Desde o último domingo (30), apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a impedir o fluxo em vias por todo o país contra o resultado das eleições.

Nesta segunda-feira, Alexandre de Moraes já havia determinado às polícias que adotassem as medidas necessárias para desbloquear as vias. A maioria dos ministros do STF já votou por manter a decisão.

No estado de São Paulo, segundo a Polícia Militar, havia, até a última atualização desta reportagem, 62 rodovias liberadas por ações policiais, 132 rodovias parcialmente liberadas e 22 rodovias interditadas.

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