Irã reconhece que forneceu drones à Rússia

O Irã admitiu, neste sábado (5), ter fornecido drones à Rússia antes da invasão da Ucrânia no final de fevereiro, confirmando as acusações de Kiev contra Moscou do uso de drones iranianos para seus ataques contra civis e infraestruturas.

Esta é a primeira vez que Teerã reconhece a entrega de drones a Moscou, apesar das reiteradas acusações de Kiev e seus aliados ocidentais.

O chefe da diplomacia iraniana garantiu que está disposto a examinar qualquer "evidência" apresentada por Kiev do uso de drones iranianos no conflito.

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A Ucrânia afirma que "cerca de 400 drones iranianos" já foram usados contra a população ucraniana e que Moscou encomendou cerca de 2.000.

Rússia e Irã iniciaram uma aproximação nos últimos meses, diante de uma Ucrânia amplamente apoiada pelos Estados Unidos e pela União Europeia, e enquanto a China se mantém afastada de qualquer envolvimento direto na guerra.

O Irã negou, porém, que tenha fornecido mísseis à Rússia, considerando essas acusações "completamente falsas".

Nos últimos dias, circularam na imprensa notícias de entregas suspeitas de mísseis terra-terra iranianos à Rússia.

Apesar das negações de Teerã nas últimas semanas, a UE e o Reino Unido anunciaram novas sanções contra três generais iranianos e uma empresa de armas "responsável por fornecer à Rússia drones suicidas" para bombardear a Ucrânia.

Em setembro, Kiev decidiu reduzir consideravelmente suas relações diplomáticas com Teerã.

No terreno, os exércitos ucraniano e russo ainda parecem estar se preparando para uma batalha feroz em Kherson, a principal cidade tomada pelos russos desde o início de sua invasão.

Segundo a Presidência ucraniana, "os ocupantes russos estão tentando identificar os habitantes que se recusam a ser levados" para os territórios ocupados pelas tropas de Moscou, mais distantes da linha de frente, ou mesmo para a própria Rússia.

Na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, justificou essas evacuações pela primeira vez, dizendo que os civis "devem ser removidos" das zonas de combate "mais perigosas".

A Ucrânia, por sua vez, voltou a denunciar uma política de "deportações".

O ministério da Defesa russo afirmou neste sábado que "destruiu uma estação de radar (usada) para os mísseis antiaéreos S-300" e "interceptou 27 Himars americanos" na região de Kherson.

Mais a leste, um juiz da Suprema Corte da República de Donetsk foi baleado na sexta-feira e está "em estado grave", anunciaram as autoridades russas de ocupação.

O ministério do Interior desta região anexada no final de setembro por Moscou não deu mais detalhes sobre o modus operandi, nem as razões deste ataque.

De acordo com Denis Pushilin, um alto funcionário da autoridade de ocupação russa, Nikulin "condenou criminosos de guerra nazistas", referindo-se ao regime de Kiev com a terminologia usada pelo Kremlin para justificar a invasão russa na Ucrânia no final de fevereiro.

No norte da Ucrânia, apesar da retirada dos russos da região entre o final de março e início de abril, os guardas de fronteira ucranianos estão se preparando "para evitar uma (nova) invasão russa" a partir de Belarus, aliado de Moscou que serviu como base de retaguarda para o exército russo nos primeiros dias de combates.

"A probabilidade de um ataque será sempre alta aqui, perto da fronteira", estimou à AFP "Lynx", que avalia em "50/50" o risco de uma nova ofensiva russa na região.

"A situação é completamente diferente" hoje porque "contamos com nossos guardas de fronteira, nossas forças armadas e todas as forças de defesa", comentou por sua vez Andrïi Bogdan, prefeito de Gorodnia, um vilarejo perto das fronteiras bielorrussa e russa.

Ainda neste sábado, o operador nacional de energia da Ucrânia, Ukrenergo, anunciou "restrições adicionais" ao uso da eletricidade em Kiev e várias regiões do país.

"Hoje, o centro de controle se viu obrigado a introduzir novas restrições na forma de interrupções de emergência para todas as categorias de consumidores" em várias regiões, explicou em comunicado.

Nas últimas semanas, a Rússia realizou uma série de ataques às infraestruturas de energia na Ucrânia.

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