Polícia e Secretaria da Justiça de SP tentam identificar quem chamou professora negra de 'macaca' e fez símbolos

A 💥️Polícia Civil e a 💥️Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania de São Paulo investigam e tentam identificar e responsabilizar quem chamou uma professora negra de "macaca" numa lista de presença de alunos e fez desenhos com símbolos nazistas na carteira de uma escola municipal da Zona Sul na capital.

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A professora de sociologia Ana Paula Pereira Gomes, a💥️ Ana Koteban, de 41 anos, sofreu a ofensa racial no último dia 26 de outubro. No documento de chamada dos estudantes, onde deveria estar o nome dela, estava escrito à caneta a palavra "macaca".

E no dia 1º de novembro, alunos encontraram uma suástica e SS sobre um dos assentos. As letra são a abreviação de Schutzstaffel, o "esquadrão de proteção" (numa tradução para o português) de Adolf Hitler e do Partido Nazista na Alemanha dos anos de 1930.

Tanto a lista de presença quanto a carteira estudantil estavam dentro de salas de aula da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Professor Linneu Prestes, em Santo Amaro. No lugar estudam adolescentes de 15, 16 e 17 anos.

A professora de sociologia Ana Koteban foi chamada de 'macaca' na ficha de presença de alunos e depois viu símbolos nazistas numa carteira da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio (EMEFM) Professor Linneu Prestes, em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação/Google Maps 1 de 5 A professora de sociologia Ana Koteban foi chamada de 'macaca' na ficha de presença de alunos e depois viu símbolos nazistas numa carteira da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio (EMEFM) Professor Linneu Prestes, em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação/Google Maps

A professora de sociologia Ana Koteban foi chamada de 'macaca' na ficha de presença de alunos e depois viu símbolos nazistas numa carteira da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio (EMEFM) Professor Linneu Prestes, em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação/Google Maps

Até a última atualização desta reportagem os responsáveis pelos ataques racista e neonazista não tinham sido identificados. Em entrevista ao 💥️g1, Ana Koteban disse que não sabe quem poderia ter feito as ofensas. Pais e alunos ouvidos pela reportagem suspeitam que alguns estudantes possam estar envolvidos.

A educadora registrou boletim de ocorrência por injúria racial na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por ter sido chamada de "macaca". Ela também levaria fotos das inscrições neonazistas à investigação policial. Apologia ao nazismo também é crime.

💥️Injúria racial é quando uma pessoa ofende outra com alguma falas ou palavras preconceituosas em razão da cor da pele de alguém, por exemplo. A pena para quem for condenado por esse crime é de 1 ano a 3 anos de prisão. O crime de racismo se dá quando ocorre contra duas ou mais pessoas.

"O custo emocional é imenso, e o dano causado sobre nosso emocional é profundo e invisibilizado. Muitos dizem: 'Para quê tanto barulho?' Desprezam nossa dor. Vivemos num país que é educado para desprezar nossa humanidade. E isso é pesado. É inaceitável. O ambiente escolar é insalubre para pessoas negras. Prejudica a nossa saúde mental e gera problemas não só de desempenho escolar e ascensão na carreira, mas gera problema de saúde física. Por isso dizemos: o racismo mata", falou Ana.

Ana Koteban chegou a gravar alguns vídeos na sua rede social e escrever mensagens para denunciar o ataque racista que sofreu na escola — Foto: Reprodução/Instagram 2 de 5 Ana Koteban chegou a gravar alguns vídeos na sua rede social e escrever mensagens para denunciar o ataque racista que sofreu na escola — Foto: Reprodução/Instagram

Ana Koteban chegou a gravar alguns vídeos na sua rede social e escrever mensagens para denunciar o ataque racista que sofreu na escola — Foto: Reprodução/Instagram

Na esfera administrativa, a Secretaria da Justiça do governo estadual, por meio da Coordenação de Políticas para População Negra e Indígena, abriu nesta quinta-feira (10) uma procedimento para apurar o caso envolvendo Ana Koteban.

De acordo com a pasta, assim que a Polícia Civil identificar e responsabilizar criminalmente quem atacou a professora, o autor ou os possíveis autores poderão ser punidos com pagamento de multa que pode chegar a 💥️R$ 95 mil. O dinheiro iria para os cofres do Estado.

A Secretaria de Justiça e Cidadania informou que, mesmo tendo tido ciência das denúncias de racismo e nazismo pela imprensa, o órgão abriu por conta própria um processo administrativo.

"São Paulo não tolera a intolerância", disse o secretário da Justila, Fernando José da Costa. "O que mais chama nossa atenção são os números de denúncias [de racismo no estado], que vêm crescendo vertiginosamente nos últimos anos: em 2022, até 10 de novembro, já foram 362; em 2023, 155, e, em 2023, 49 casos”.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo informou que "repudia qualquer ato de discriminação e racismo"💥.

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Alunos encontraram carteira com símbolos nazistas em escola municipal da Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Google Maps/Arquivo pessoal 3 de 5 Alunos encontraram carteira com símbolos nazistas em escola municipal da Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Google Maps/Arquivo pessoal

Alunos encontraram carteira com símbolos nazistas em escola municipal da Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Google Maps/Arquivo pessoal

Desde que Ana Koteban usou suas redes sociais para denunciar os ataques racista e neonazista na escola, ela tem recebido apoio de pais, alunos e até de um coletivo social.

A técnica de enfermagem Silvia Letícia, de 44 anos, é mãe de um aluno de 18 anos que estuda na escola. "Eu sou mãe de um menino aluno, menino trans, que também já sofreu preconceito nessa escola. E a Ana intermediou o assunto com todo carinho e respeito. Meu filho se sentiu amparado e eu também. Então eu acho injusto o que estão fazendo com ela", disse.

Silvia suspeita que os ataques racistas contra a professora possam ter sido feitos por alguns estudantes. "Tem de ser feito algo emergencial para que esses alunos entendam que estão errados, que eles não estão indo à escola para ficar apontando o dedo e humilhando o próximo."

Ana Koteban com seus alunos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal 4 de 5 Ana Koteban com seus alunos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Ana Koteban com seus alunos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Um dos estudantes que se mobilizou para protestar contra os atos racistas e desenhos nazistas dentro da escola foi uma aluna de 17 anos do grêmio estudantil ouvida pela reportagem, com a autorização de seus pais.

A 💥️Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio acompanha o caso de Ana. "A violência estrutural do racismo atinge todos os setores da sociedade. Precisamos de uma ação conjunta e efetiva de toda comunidade escolar para que isso não se repita", disse 💥️Marcio Berhing Silva, articulador da rede na Zona Sul.

Ana Koteban usou suas redes sociais para denunciar ter sido vítima de racismo na escola onde dá aulas de sociologia — Foto: Reprodução/Instagram 5 de 5 Ana Koteban usou suas redes sociais para denunciar ter sido vítima de racismo na escola onde dá aulas de sociologia — Foto: Reprodução/Instagram

Ana Koteban usou suas redes sociais para denunciar ter sido vítima de racismo na escola onde dá aulas de sociologia — Foto: Reprodução/Instagram

Procurada para comentar as denúncias de racismo e neonazismo cometidas dentro da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Professor Linneu Prestes, a Secretaria Municipal da Educação encaminhou a seguinte nota ao 💥️g1:

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